Crônicas do Zodíaco – Saint Seya || Capítulo 06 – A Primeira Batalha de Pégaso

 


“Para algumas pessoas você nunca é o suficiente, mesmo que você consiga chegar lá, ainda sim, você não é o suficiente. Qual a real importância que você dará a essas opiniões em sua vida?” - excerto de autor desconhecido.

Capítulo Seis – A Primeira Batalha de Pégaso.

O sol, ainda novo no horizonte, começava a radiar no céu, refletindo seus raios na armadura de Seiya. O rosto do Cavaleiro fixava os olhos na estrela alfa, sem se incomodar com o brilho e, sem hesitar, virou-se na direção de Shina. Ela, percebendo que algo de novo havia despertado em Seiya, continuou observando.

– Seiya... acha que consegue me afrontar só porque traja uma Armadura de Bronze? ­– perguntou Shina, tentando se impor a Seiya.

Os olhos de Seiya continuavam fixados em Shina, como se a chamar-se pra luta.

– Espere Shina! – exclamou Marin. – Não se esqueça que agora Seiya é um Cavaleiro completo e não mais um aspirante como os outros, ignorar esse detalhe é um erro primário. Sabe que não se pode ignorar a força de um Cavaleiro e sua armadura!

– Isso é ridículo! Um Cavaleiro como o Seiya não é uma ameaça para mim.

O brilho da armadura de Seiya nem por um instante hesitou os movimentos de Shina, que avançou como em um bote de uma serpente na direção do jovem Cavaleiro, que, até tentou confrontá-los devido ao excesso de confiança adquirido por trajar pela primeira vez sua armadura. Mas, Seiya ainda estava longe de saber o era ser um Cavaleiro de verdade. A coletânea de socos atingiu – certeiramente, o corpo de Seiya que mesmo com a armadura caiu, vergonhosamente, no chão como um saco pesado e com ruídos metálicos.

Embora Seiya tivesse acabado de trajar sua armadura, sua mente estava ocupada tentando entender o porquê de seu fracasso em mais uma vez tentar combater os articulados movimentos de Shina.

– Foi exatamente o que eu pensei. – A voz áspera de Shina suava como um latejar pondo mais dúvida na cabeça de Seiya. – Mesmo com a armadura, você ainda não é capaz de usar todo seu poder... simplesmente, ridículo!

O corpo de Seiya, ainda mais machucado, continuava petrificado no chão. Imóvel sem qualquer reação; era como se o peso da armadura sufocasse seus músculos inibindo qualquer tipo de movimento.

– O que está acontecendo? – A voz de Seiya tremeluzia, enquanto continuava esticado no chão. – A armadura não era tão pesada no início. – A visão de Seiya começava a embaçar e aos poucos a imagem de Pégaso se revelava bem diante de seus olhos. O grande cavalo alado se afastava lentamente de Seiya se transformando numa fantasmagórica mancha branca deixando-o à mercê de sua própria vontade. – “Então, eu não sou digno de sua força Pégaso? Como posso envergonhar a todos na minha primeira batalha? Talvez Shina tenha razão, eu não sou digno de ser um Cavaleiro de Atena”. – Como em um alvorecer que espalha os raios solares para todos os cantos da Terra, a voz de Marin surge, ecoando diante dos pensamentos de Seiya.

– Seiya preste atenção! O motivo da Armadura de Pégaso estar tão pesada; é a sua inexperiência.

Seiya continuou quieto no meio das pedras.

– Acha que é só colocar a armadura e pronto? Aí, se torna um deus? A realidade é bem diferente que nos mitos que você leu. Seiya – ele olhou para ela –, se enganou ao pensar que é a força bruta que o torna Cavaleiro. Cavaleiros são Cavaleiros porque são capazes de controlar o cosmo. E não porque tem músculos e força bruta. Seu espírito e sua força devem estar em sintonia com a armadura! Se não se conectar a ela, então, ela não passa de pedaços de metal preso em seu corpo. Quanto mais seu cosmo queima, mais leve se torna a armadura, consequentemente, mais forte você fica.

Aos poucos, como se tivesse juntando seus ossos, Seiya, ergueu-se diante de Shina, mal podia levantar a cabeça e movimentar os braços.

– Seiya, Shina é sua inimiga. Ataque-a!

Olhou para ela, ainda ofegante e sem seu espírito de luta, e disse:

– E-eu não posso...

– Como não? Prefere a morte? – questionou Shina.

– Você é uma mulher, Shina. Por mais forte que você seja, eu não consigo lutar contra uma mulher. Não vou atacar pra valer!

– Idiota! – gritou Marin. – Como pode estremecer assim diante do inimigo? Shina pode ser uma mulher, mas também tem presas... que estão prestes a desferir em um golpe final, cavalheirismo não vai te salvar nessa luta. Homem ou mulher sua função é vencer todos os seus inimigos. Ter um coração fraco só vai fazer você morrer como um covarde, não como um herói!

Ao perceber que Seiya realmente não iria atacá-la, Shina ergueu o braço em direção ao céu e se colocou em posição de ataque. Marin, deduzindo que seria o final de seu pupilo, gritou:

– Shina! Você não ouviu? Seiya não quer mais se defender! Ainda assim você insiste em matá-lo?

...

– Mestra Shina!!! Espera!!

Gritos e murmurinhos ecoavam pela paisagem. Suas origens vinham de um grupo de soldados rasos, seguidores de Shina, que se aproximavam ferozmente.

­– Não precisa sujar suas mãos! – gritou um dos soldados.

– Deixe Seiya por nossa conta! – gritou o outro, sem esconder a agitação.

– Terminaremos de dar a lição a Seiya. Estrangeiros não são dignos de trajar as Armaduras Sagradas!

A monstruosidade nos olhos dos soldados estava fixada em Seiya, preparados para matá-lo, ali mesmo, sob o sol quente e a terra ardente. Punhos e chutes emergiram diante de Seiya de todos os soldados, repetitivamente. Com os olhos atentos, Marin continuava recusa, em seu lugar, assim como Shina, que não tentou parar os soldados. Em um movimento de pura raiva, um dos soldados que mostrava ter mais ódio de Seiya, lançou um impiedoso soco em direção ao seu rosto. Ligeiramente bloqueado por um de seus punhos metálicos, o rosto do soldado, rapidamente, se contorceu de dor, enquanto Seiya segurava seu punho em uma mistura de força e selvageria. Os outros agressores hesitaram em continuar os ataques e se renderam aos seus próprios silêncios.

– Me largue, seu verme imundo! – berrou o soldado.

Seiya se virou e levantou os olhos que reluzia um brilho sardônico. O soldado berrou de novo e os outros nem sequer disseram uma só palavra. Expressões de incredulidade dominavam seus rostos. Quando o olhar selvagem, e ao mesmo tempo sereno, se virou na direção deles, o soldado berrou ainda mais alto.

– Ahhh!! O corpo dele está queimando feito fogo!

O corpo de Seiya ardia como descrito – dolorosamente, pelo soldado, que continuava a gritar. E uma energia emanava junto a armadura, como se tivesse sendo gerada do fundo da alma, semelhante aos raios que emanavam do sol, criando uma atmosfera impactante aos olhos de quem via. Como em uma visão, o espírito de Pégaso voltava a galopar diante de Seiya, e seu bater de asas o enchia de confiança, novamente. Como em um simples detalhe, uma brisa veio de encontro e se chocou contra todos, levando várias folhas secas em direção a Seiya sendo instantaneamente pulverizadas pela emissão de seu calor. Os olhos de Seiya se voltaram para o soldado preso pelo punho.

– Já vou avisando... não vou aceitar mais ser humilhado por nenhum de vocês!

A temperatura continuou aumentando. E em um movimento único, Seiya, lançou seu punho esquerdo contra o peito do soldado que, sem ter como se defender, foi lançado há metros de distância, caindo como um saco no chão.

– Agora é a vez de vocês – disse Seiya, frio e calculista.

– O que ele disse? – gritou um dos soldados, com expressão de medo; substituindo a de ódio de minutos atrás.

[nota: Eita! Agora correm!]

Agiu como um meteoro, Seiya avançou sobre eles. – Vocês são homens e eu não vou me conter com vocês! Bando de infelizes!

– Meteoro de Pégaso!

Como folhas secas e frágeis todos os soldados caíram no chão com expressões de dor espirrando grandes volumes de sangue. E seus uniformes triturados pela força dos meteoros. O deslocamento do ar encadeado pela explosão dos meteoros, como se fosse imprevisível, alcançou Shina, que surpresa viu sua máscara ser partida ao meio.

– O quê? Como isso é... não conseguir ver nenhum dos golpes que ele desferiu contras os soldados. – Shina, agora olhando diretamente para Seiya, continuou a murmurejar. – O maldito conseguiu atravessar a velocidade do som... isso o faz digno de ser um Cavaleiro...

...

O emaranhado de corpos ensanguentados se espalhava pelo chão. Mas, os olhos de Seiya só tinham atenção para o misterioso rosto de sua rival.

– Hã? Então esse é o rosto que escondia por detrás da máscara. – disse Seiya, surpreso ao ver em Shina uma beleza que se comparava a sua braveza. Indo de contra ao que todos achavam no Santuário, seu rosto era belo. Dono de uma suavidade preenchido com grandes olhos verdes esboçando, traiçoeiramente, plena doçura.

– Ele é bem menos feio que eu imaginava – afirmou Seiya.

– Presta atenção, Seiya – disse Shina, ignorando seu comentário. – Jamais lutaria a sério com um inútil que mal sabe usar seu cosmo. Mas, agora você é um Cavaleiro de Atena, mesmo com a origem que tem. Da próxima vez que nos encontrar, eu estarei em plenitude com minhas habilidades. Você viu meu rosto, sabe o que isso significa. Então, será eu... ou você.

O último olhar de Seiya para Shina veio como uma mistura de tristeza e frustração, caminhando para fora da ravina se despediu dizendo:

– Espero que esse dia nunca chegue!

...

Terminando sua caminhada, um pouco longe do local do combate, agora com a armadura devolvida à urna. Seiya avistava um conjunto de montanhas que pareciam sentinelas no horizonte, desenhadas a mão por alguma força de poder maior. Seu olhar se perdia por toda a imensidão. Com o objetivo de concentrar Seiya, Marin aponta para uma delas.

– A cidade de Atenas está atrás daquela montanha! Ela é perto do Santuário! E de onde você veio...

Um momento de silêncio se instala entre os dois.

– Então, é aqui que nós nos separamos...

– Tenho a sensação de que não é a primeira vez. Mas, também não será a última. É o destino de um Cavaleiro quebrar e construir laços. Não se abate por causa disso.

– Ahhhh! Marin... não precisa ser tão durona.

Mais um momento de silêncio entre eles. Com a paisagem enfeitando, lindamente, o fundo.

– Seiya...

Ele olha para ela.

– O que você vai fazer com a armadura quando chegar em sua vila?

Continuou olhando para ela, e sorriu.

– Se eu disser, você me mostra seu rosto?

...

Como num chamado, Seiya ouve alguém gritar pelo seu nome. Em direção ao Santuário. Uma figura familiar corre em sua direção.

– Seiya! Seiya! Espere!

– Quem é aquele, Marin? – pergunta Seiya, ainda confuso. – É o Helio!

– Seu colega do Santuário? – indagou Marin, ajeitando a máscara como se tivesse recolocando-a no rosto.

– Sim. Ele mesmo.

Alguns segundos depois, os dois estão frente a frente.

– Achei você a tempo.

– De quê? ­– perguntou Seiya.

– De me despedir. É claro. Você vai embora, não vai?

– Espera aí. Como você me achou?

Helio riu suavemente e respondeu de forma debochada. – Bom, o quarto que você dormia estranhamente está com a parede destruída. Acho que você sabe usar uma porta – ele riu –, então, deduzir que você podia está em apuros. Mas, a julgar pelos corpos ensanguentados que encontrei no caminho, vi que você se virou bem sozinho. E que não iria voltar por tão cedo. Aí, continuei procurando, até parar aqui em cima.

– Esperto...

– Como uma Raposa!

Seiya riu.

– Adeus Seiya. – Ele fixou os olhos em Seiya, colocando emoção. – Da próxima vez que nos encontrar, eu serei um Cavaleiro, assim como você. E também lutarei pela justiça em nome de Atena!

[nota: Quem é fã e se leu certinho a cena, já sabe qual o destino de Helio. E, talvez, já saiba qual será sua futura constelação protetora.]

– Promessa é dívida, Helio.

– Cumprirei minha promessa, você vai ver!

– Então, tá. Até a próxima... meu amigo.

Deixando Marin e Helio para trás, Seiya saiu aos saltos pelas montanhas. Na direção de um novo destino e de uma nova aventura a ser conhecida.

– Ele enfrentará muitos desafios, não vai? – perguntou Helio para Marin, vendo a figura do amigo se distanciar no horizonte.

– Receio que sua batalha mal começou...

Próximo Capítulo – A Chegada do Unicórnio
(Nova fase - Prólogos da Guerra Galáctica)

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