Crônicas do Zodíaco – Primeiro Impacto || Capítulo 01 – Um Impacto Indesejado
Capítulo Um – Um Impacto Indesejado
Era um daqueles dias perfeitos de primavera que sempre me agradou desde as eras mitológicas. Em alguns momentos não era fácil encontrar beleza... mesmo assim... eu ainda encontrava. Voltando ao dia onde o azul do céu era intenso e a brisa meio fria me refrescava, tornava tudo ideal para admirar as flores que desabrochavam nas árvores graças a força majestosa da primavera. O canto dos pássaros me agradava, mas certamente eram as flores e as rosas que a Eras me acalmavam em tempos de temor.
Muito tempo havia passado e eu nem havia percebido. E agora só faltam alguns dias para eu realizar o sonho de meu avô, sonho este que eu também almejava, dada as minhas condições. Certamente, até mais do que ele. O Torneio Galáctico era tudo que havia restado de meu avô, Mitsumasa Kido, conhecido sempre entre os reinos e pelas casas nobres da região como figura sempre envolvida com jogos e competições. Onde tinha grandes competições e apostas valiosas certamente ele estava.
Eu não era sua neta de sangue, não que isso influenciava na forma dele me tratava, acho até que devido às condições que ele havia me encontrado me dava liberdade até demais. Cresci com ele me dizendo que eu era o maior bem desse mundo e que graças a mim o mundo poderia ter paz e sabedoria. De certa forma, nunca fugi de minhas responsabilidades e por mais engrandecedoras que fossem aquelas palavras sabia que essa era a verdade.
As cartas com os convites para o torneio já haviam sido entregues aos mensageiros já algumas semanas e mesmo assim ainda nenhum nobre havia chegado. Mas, o que mais me deixava ansiosa era que, assim como os nobres, os órfãos que meu avô havia enviado para conquistar as armaduras também não haviam chegado. Cem deles saíram para essa conquista, muitos morreram no caminho e os que conseguiram viver continuavam fortes rumo a conquista das Armaduras Lendárias. Mal eles sabiam a importância de conseguirem dar fim aos seus treinamentos e trazer as santas armaduras até mim.
Mas, naquele dia eu tentava relaxar. Sabia que não tinha nada que eu pudesse fazer. O torneio estava logo ali, e tudo o que eu precisava fazer naquele momento era esperar. Esperar os nobres chegar e - principalmente – as urnas com as armaduras. Me aproximei de uma das árvores cujas flores se emancipavam por todos os galhos; o rosa contrastava com o verde e combinava com o lilás de meus longos fios. E as folhas, graças ao vento irregular, bailavam em uma dança contínua. Atrás de mim, vinha um servo fiel, sempre perto em todas as horas.
- Senhorita! – expressou ele. Sua voz era quase sempre pacífica quando falava comigo, enquanto eu admirava a natureza.
- Sim, Tatsumi.
- Está ventando muito... olha como as folhas estão sacolejando.
Olhei para a copa da árvore e observei o balançar das folhas: - Tatsmi... – observei em um tom irônico. – Elas não estão sacolejando, e sim bailando conforme o vento.
- Sim, Senhorita.
Tatsumi sempre esteve comigo desde pequena, sempre me ajudando e me servindo da melhor forma possível. Depois da morte de meu avô ele teve papel fundamental na Casa Kido; suas habilidades em administrar as terras de meu falecido avô foram bastante úteis.
Mas naquele dia meu coração estava inquieto; não via a hora de um dos órfãos chegarem com uma das urnas. Eu precisava de guerreiros valorosos ao meu lado. O grande evento iria começar, mas isso não era tudo; havia muito mais do que apenas um grande torneio, que por mais que fosse grandioso o evento que estava por vir, os Cavaleiros eram mais importantes.
- Senhorita Saori, a senhorita ainda não comeu nada hoje. Sei que as questões com o grande torneio não pararam de atormentá-la, mas se não se alimentar não vai poder continuar. Faltam poucos dias... precisa se cuidar.
Parei, ainda pensativamente, e concordei com ele. Não podia me dar ao luxo de ficar doente às vésperas da Guerra Galáctica. Mas a vontade de ver os primeiros Cavaleiros chegar não parava de me dominar. Mesmo assim me esforcei para me distrair com outras coisas.
O vento continuava sendo como uma música de fundo para as folhas bailarem. Tatsumi ainda continuava atento a qualquer chamado meu. Meus olhos se esforçavam para encontrar algo para me distrair e minha mente travava uma pequena batalha contra minha ansiedade. Quando tudo isso foi interrompido por uma estranha sensação de alarde imediato; era como se um grande mal tivesse se erguido diante de mim. Mesmo que eu não pudesse o ver ainda.
O vento que batia nas árvores se intensificou desalinhando o lindo bailar que antes eu admirava. Olhei na direção onde o mal se concentrava, possivelmente era ali onde o que quer que fosse se materializava. Lembro de ter apertado os olhos, confusa, mesmo assim não hesitei.
- Senhorita! – Também me lembro da voz de Tatsumi no fundo me chamando.
- Ahn!
- Quem está aí? – Minhas palavras não foram suficientes para que uma resposta clara viesse em seguida. Mas após a energia se concentrar ainda mais, achei para onde olhar. Então, veio a resposta:
- Filha da guerra... seu lugar não é aqui...
Continuei olhando para aquela coisa, esperando sair algo a mais. Mas já sabia que não era deste mundo. Nenhuma pessoa já havia me chamado de “filha da guerra”. Este nome estava ligado diretamente com o meu longo passado. Mas, ainda sim, depois da voz eu ainda tinha dificuldade de avaliar e deduzir o dono da voz. Mas não por muito tempo.
- M-mas o que é isso?! – expressou Tatsumi.
A criatura não disse mais nada. Porém seus olhos eram como de uma fera ameaçando me atacar. Dava para sentir aquela energia maligna se expandindo dentro dele. Sabia que um ataque podia acontecer e ele sabia quem eu de fato era... por isso, não podia recuar.
- Não perderei meu tempo conversando com uma deusa humana... sei que sabe o que eu vim fazer aqui. Mesmo assim, direi com prazer. Eu vim matá-la! Eu sou Zelos... o Espírito da Inveja. E não é justo! Que uma deusa como você tenha tantos seguidores depois de tantas eras. Nem se comporta como tal divindade que é! Por isso não merece viver! Nem entre os homens e nem entre os deuses! Onde estão os seus Cavaleiros? Não me diga que a deusa da guerra... você, é uma deusa humana desprotegida. Lamentável um ser como você existir. Já que não têm Cavaleiros... se quiser... correr... vai tornar tudo isso mais interessante.
Mesmo com suas provocações continuei parada, atenta ao que o espírito falava. Suas ameaças eram agressivas (mas até do que eu posso relatar aqui), e pela sua presença ali sabia que as portas do tártaro haviam sido abertas. Mas, desta vez, muito antes do que deveria. Mas isso tudo realmente não importava naquele momento; havia um inimigo na minha frente e ele precisava ser detido. Com ou sem Cavaleiros.
Quando ouvir a voz de Tatsumi ecoando atrás de mim. Mas ao mesmo tempo se aproximando. Meu servo se colocou na minha frente (uns dois ou três metros nos separavam). Estava disposto a me proteger. E mesmo olhando para aquela criatura não hesitava.
Zelos tinha uma estatura mediana, seu tom de pele era um pouco mais escuro e seu corpo era parcialmente curvado. Olhos negros e uma armadura escura que cobria boa parte de seu corpo: as ombreiras eram pontiagudas e levemente curvadas para baixo, seu peitoral era protegido assim como seus antebraços. E também as pernas. O elmo cobria contornando toda a cabeça, deixando de fora apenas a parte da boca, indo até a região dos olhos.
- Senhorita, para trás! Eu a protejo!
Ao ver o Tatsumi tentar me proteger a criatura criou um tom de voz que era como uma mistura de desdenho com ironia: - Que coisa mais comovente... Um verme sem qualquer significado, tentando proteger sua senhora.
- Maldito! Não vou deixar que você machuque a senhorita. – Tatsumi gesticulou os braços, afastando as mãos, seu corpo de enrijeceu em posição de ataque. Depois de alguns segundos onde parecia estar concentrado seu poder, o brilho de sua mão apareceu como um raio. Na verdade, era como uma corrente de energia que passava entre suas mãos. O brilho azulado da energia, mesmo com a claridade do sol, se destacava.
[nota: para aqueles que não conhecem este universo como um todo. Tatsumi tem poderes místicos. Isso é mostrado na abertura da Guerra Galáctica em “Crônicas do Zodíaco – Saint Seiya”].
- Vamos ver o que o verme pode fazer...
- Maldito! – Ele olhou para mim. – Senhorita se afaste! – E gritou:
- Magia Relâmpago! Descarga de Energia!
O movimento declarou o início do ataque. Tatsumi, mesmo que de certa forma mostra-se ser frágil, tinha seus conhecimentos nas artes místicas. Mesmo assim, ele não os demonstravam com muita frequência, por esse motivo não sabia direito até onde ia suas habilidades; mas sabia que se fosse preciso ele enfrentaria qualquer um para me proteger.
A descarga elétrica avançou rapidamente em direção a Zelos, que mesmo vendo o poder azulado se aproximar não se moveu. Mas, ainda sim, ainda tinha esperança que o golpe poderia dar fim a criatura. Mas...
Quando a magia de Tatsumi atingiu Zelos, foi um golpe certeiro; o corpo da criatura se envolveu com o poder – que até parecia ter concretizado seu êxito. Mas algo logo se mostrou estranho; Zelos não se mexia e nem demonstrava qualquer tipo de dor.
- Que decepção... mas até que pra o velho humano tolo você tem muito poder. – Você substitui seus cavaleiros por isso? – ele me perguntou, mas não respondi.
- O quê?! – expressou Tatsumi.
- Por outro lado, não vim aqui pra ter um mero humano como oponente. – Sem perder tempo Zelos avançou, golpeando Tatsumi no abdome. O mordomo jorrou o sangue pela boca. O corpo de Tatsumi ainda processava a dor que sentia quando o segundo golpe veio o jogando no chão.
- Tatsumi! – gritei brandamente, mas minhas palavras não podiam protegê-lo.
- Fica quietinha aí! Que agora o prêmio é você...
Sabia que Zelos tinha um único objetivo e minha cabeça era a única coisa que fazia sentida no desejo dele. Mesmo assim, faltavam poucos dias antes de meus Cavaleiros chegarem e não podia ser vencida por um servo do mal.
Deixando o corpo de Tatsumi para trás, ele se endireitou na minha direção. Mesmo assim não hesitei.
- Humm... que coisa mais ridícula! A deusa da guerra que não gosta de guerra...
- O diálogo e a sabedoria são sempre os melhores caminhos do que a violência e a guerra. Mas se acha que vou me render está enganado!
- Sem seus Cavaleiros o que você pode fazer.
As palavras deles surgiram como uma afronta. Ao longo das eras os Cavaleiros de Atena sempre me serviram como servos leais, mas eu nunca dependi deles para governar o Santuário e proteger o mundo. Ergui meu braço direito e projetei meu cosmo de forma significativa, lembro de ter meu corpo todo envolvido quando meu precioso báculo se materializou em minha mão. Não iria me entregar para um ser maligno como o Zelos!
- Que poder... incrível... como pode não querer ser adorada com a “Senhora da Guerra”? Você é um insulto aos deuses Atena!! Garota tola!
Ele se aproximou, projetando uma rápida expressão de violência para me matar. Eu empunhava meu báculo sem hesitar. Quando sentir um vulto atrás de mim se aproximar e passar por mim. Mesmo sem saber quem era, senti um alívio. E olhei.
- Senhorita!!!
Próximo Capítulo - As Guerreiras de Atena!
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