Crônicas do Zodíaco – Saint Seya || Capítulo 05 – A Armadura de Pégaso
“A conquista de um homem é sua maior riqueza, nem todo ouro do mundo pode superar esse mérito" - excerto da Enciclopédia do Santuário.
Capítulo Cinco – A Armadura de Pégaso
O céu estava limpo e o sol reinava brandamente em toda sua extensão. Apesar do calor, todos ainda continuavam ali, acompanhando o desfecho do combate. O que era esperado que fosse apenas como mais uma grande vitória de Cássios, logo se transformou na maior queda do gigante no coliseu. Cássios estava caído, derrotado, humilhado. Depois de receber em cheio o principal golpe de Seiya - Meteoro de Pégaso – uma grande quantidade de socos por segundos, que assumiam a forma de verdadeiros meteoros de pura força atingindo o oponente à distância – eram como estrelas cadentes rasgando o céu e ferindo a terra ferozmente.
Cássios não era mais a estrela e o temor do coliseu. Enquanto todos desviavam seus olhares e ignoravam o gigante caído no chão, e olhavam perplexos para Seiya, o Grande Mestre anunciava o vencedor. – Hoje Atena admitiu Seiya entre os seus Cavaleiros e como legítimo vencedor do combate final entre os aspirantes a Cavaleiros. – Olhou para Seiya e seu tom ficou mais sério. – Seiya! Agora você é reconhecido como um Cavaleiro de Atena, a armadura que você vai receber é símbolo desse reconhecimento! – Os olhos de Seiya se encheram de lágrimas de emoção e de auto-reconhecimento. Agora não era mais um mero pupilo ou um aspirante e sim um legítimo Cavaleiro de Atena. E membro oficial do Santuário.
– Eu consegui! – disse Seiya, olhando afetuosamente para a urna. – Finalmente posso tocá-la!
Ao ver o novo Cavaleiro se aproximar, o Grande Mestre logo aproveitou para adverti-lo mais de perto. – Seiya, desde da era mitológica os Cavaleiros têm protegido Atena e defendido a justiça! Essa armadura só pode ser usada para defender a justiça na Terra! Sem abusos e sem egoísmo. Caso ao contrário, será brevemente punido, sem misericórdia.
– Compreendido?
– Sim, Grande Mestre! – respondeu o novo Cavaleiro!
Na manhã seguinte, o sol ainda nem havia despertado todo seu esplendor, toda sua força se resumia apenas em uma pequena faísca no horizonte. Mas, Seiya já estava inquieto em sua cama, não conseguia tirar os olhos de sua nova armadura. Ele se virou em direção a cama de Marin, que parecia estar dormindo, e ousou a dá ouvido a mais uma de suas ideias mirabolantes. Olhou para Marin de novo, e riu. Esticada em sua cama de pedra com uma fina camada de colchão e dois travesseiros não tão confortáveis assim, Marin não demonstrou nenhuma reação ao rapaz. Há passos curtos e lentos, Seiya, aos poucos, foi se aproximando da urna, quando sua mão ficou a centímetros da grande caixa, seu coração quase saiu pela boca ao escutar o grito de Marin:
– Seiya!!!
Um grande grito emergiu de sua garganta e seu corpo recuou de forma instintiva, olhou para trás e lá estava Marin, com o rosto coberto pela máscara olhando para o rapaz.
– O que pensa que está fazendo? Por acaso não ouviu as orientações do Grande Mestre? – disse Marin, sem esconder a irritação.
– Que droga, Marin! Você me assustou!
Depois que o impacto do susto passou e a adrenalina abaixou, Seiya acabou reparando melhor em Marin. Ao se virar para repreendê-lo, Marin acabou deixando o fino lençol que cobria seu corpo deslizar pelos seus membros, deixando-os expostos ao acesso da visão de Seiya que não resistiu e cedeu à tentação. Marin mexeu as pernas ignorando o olhar do rapaz, que acompanhou o movimento discretamente. Ao perceber o interesse do garoto e sem está envergonhada com seu corpo a amostra, Marin logo retruca Seiya:
– Está interessado em tocar?
Seiya arregalou os olhos. – Em tocar?!! N-não... é que... me descul...
– Sim, você estava quase tocando a armadura.
– Ahh! A armadura... – Seiya soltou o ar dos pulmões, aliviado. – Não, é que...
– Sabe que pode ser punido por essa curiosidade caso não siga à risca as orientações do Grande Mestre, não sabe? – Seiya, ainda sem graça nada disse.
– Seiya, vou dizer o nome dessa urna onde está sua armadura. – Marin olhou para o teto, que não estava muito longe deles. – Na mitologia ela foi batizada de ”Caixa de Pandora”. Nome dado pelos deuses que proibiram qualquer um de abri-la por qualquer motivo que fosse. Contudo, eles foram desobedecidos e dizem que todo o tipo de demônio assolou o mundo por causa disso. Nós Cavaleiros também lutamos contra demônios que ameaçam esse mundo, Seiya.
Seiya nada disse. Mas refletiu.
– A armadura foi feita para proteger seu Cavaleiro de todo mal que afronta a justiça na Terra! Se correr algum perigo, abri-a. Ela vai te proteger. Só assim saberá na hora se a urna liberará demônios ou esperança renovada.
Seiya continuou refletindo.
Do lado de fora do alojamento, um grupo de soldados, que pertencia à patente mais baixa do Santuário, chamados de Soldados Rasos, se aproximavam em direção ao quarto. Após derrubar com facilidade uma das paredes do quarto, os soldados entraram como se tivessem entrando no quarto de um verdadeiro criminoso. Entre eles houve um breve momento de silêncio antecipado por um momento de susto. Seus olhos passeavam por toda a extensão do quarto.
– Como é?!! – gritou confuso um dos soldados.
O quarto estava completamente vazio sem nenhum sinal de Seiya ou de Marin. Apenas o vazio solto a dominar o quarto.
– Não tem ninguém aqui? – exclamou outro soldado. – Eles devem está tentando sair do Santuário com a Armadura de Pégaso sem a permissão do Grande Mestre.
– Se enganam se acham que vamos deixá-los.
– Vamos!! Não devem estar tão longe...
Não muito longe dali, Seiya se esforçava para tentar acompanhar os passos largos e apressados de Marin. No céu, poucas estrelas ainda resistiam ao alvorecer do dia. Mas, Marin não se deixava abater pela hora extrema do dia.
– Ei, espere por mim! – berrou Seiya. – Você disse que amanhã eu podia partir numa boa para minha
– Compreendido?
– Sim, Grande Mestre! – respondeu o novo Cavaleiro!
...
Na manhã seguinte, o sol ainda nem havia despertado todo seu esplendor, toda sua força se resumia apenas em uma pequena faísca no horizonte. Mas, Seiya já estava inquieto em sua cama, não conseguia tirar os olhos de sua nova armadura. Ele se virou em direção a cama de Marin, que parecia estar dormindo, e ousou a dá ouvido a mais uma de suas ideias mirabolantes. Olhou para Marin de novo, e riu. Esticada em sua cama de pedra com uma fina camada de colchão e dois travesseiros não tão confortáveis assim, Marin não demonstrou nenhuma reação ao rapaz. Há passos curtos e lentos, Seiya, aos poucos, foi se aproximando da urna, quando sua mão ficou a centímetros da grande caixa, seu coração quase saiu pela boca ao escutar o grito de Marin:
– Seiya!!!
Um grande grito emergiu de sua garganta e seu corpo recuou de forma instintiva, olhou para trás e lá estava Marin, com o rosto coberto pela máscara olhando para o rapaz.
– O que pensa que está fazendo? Por acaso não ouviu as orientações do Grande Mestre? – disse Marin, sem esconder a irritação.
– Que droga, Marin! Você me assustou!
Depois que o impacto do susto passou e a adrenalina abaixou, Seiya acabou reparando melhor em Marin. Ao se virar para repreendê-lo, Marin acabou deixando o fino lençol que cobria seu corpo deslizar pelos seus membros, deixando-os expostos ao acesso da visão de Seiya que não resistiu e cedeu à tentação. Marin mexeu as pernas ignorando o olhar do rapaz, que acompanhou o movimento discretamente. Ao perceber o interesse do garoto e sem está envergonhada com seu corpo a amostra, Marin logo retruca Seiya:
– Está interessado em tocar?
Seiya arregalou os olhos. – Em tocar?!! N-não... é que... me descul...
– Sim, você estava quase tocando a armadura.
– Ahh! A armadura... – Seiya soltou o ar dos pulmões, aliviado. – Não, é que...
– Sabe que pode ser punido por essa curiosidade caso não siga à risca as orientações do Grande Mestre, não sabe? – Seiya, ainda sem graça nada disse.
– Seiya, vou dizer o nome dessa urna onde está sua armadura. – Marin olhou para o teto, que não estava muito longe deles. – Na mitologia ela foi batizada de ”Caixa de Pandora”. Nome dado pelos deuses que proibiram qualquer um de abri-la por qualquer motivo que fosse. Contudo, eles foram desobedecidos e dizem que todo o tipo de demônio assolou o mundo por causa disso. Nós Cavaleiros também lutamos contra demônios que ameaçam esse mundo, Seiya.
Seiya nada disse. Mas refletiu.
– A armadura foi feita para proteger seu Cavaleiro de todo mal que afronta a justiça na Terra! Se correr algum perigo, abri-a. Ela vai te proteger. Só assim saberá na hora se a urna liberará demônios ou esperança renovada.
Seiya continuou refletindo.
Do lado de fora do alojamento, um grupo de soldados, que pertencia à patente mais baixa do Santuário, chamados de Soldados Rasos, se aproximavam em direção ao quarto. Após derrubar com facilidade uma das paredes do quarto, os soldados entraram como se tivessem entrando no quarto de um verdadeiro criminoso. Entre eles houve um breve momento de silêncio antecipado por um momento de susto. Seus olhos passeavam por toda a extensão do quarto.
– Como é?!! – gritou confuso um dos soldados.
O quarto estava completamente vazio sem nenhum sinal de Seiya ou de Marin. Apenas o vazio solto a dominar o quarto.
– Não tem ninguém aqui? – exclamou outro soldado. – Eles devem está tentando sair do Santuário com a Armadura de Pégaso sem a permissão do Grande Mestre.
– Se enganam se acham que vamos deixá-los.
– Vamos!! Não devem estar tão longe...
...
Não muito longe dali, Seiya se esforçava para tentar acompanhar os passos largos e apressados de Marin. No céu, poucas estrelas ainda resistiam ao alvorecer do dia. Mas, Marin não se deixava abater pela hora extrema do dia.
– Ei, espere por mim! – berrou Seiya. – Você disse que amanhã eu podia partir numa boa para minha
vila! Então, por que parece que estamos fugindo?
– Por quê? Porque se permanecer aqui, amanhã você estará morto!
Como em um movimento imprevisível, Shina apareceu como uma cobra prestes a dar o bote fatal em sua presa. Sua atmosfera notavelmente nada amigável bloqueou a passagem de Seiya. O olhar de sua máscara refletia o olhar agressivo de uma serpente venenosa. Já era tarde para recuar e impossível de ignorá-la. Shina estava disposta a se vingar da vergonha de seu pupilo.
– Shina! – gritou Seiya.
A máscara da serpente continuou intacta.
Por que me considera um inimigo?!! Eu venci Cássios em uma luta justa, não tem porquê me odiar!
A máscara de Shina se virou lentamente em direção a Marin. E a Amazona logo quebrou o silêncio. – Marin, porque não me entrega a armadura de seu pupilo? Ou prefere que eu arranque dele junto com outras partes do seu corpo?
– Seiya não é mais um menino. É um homem, Shina. E agora também é um legítimo Cavaleiro, já pode se proteger sozinho!
– Marin! – exclamou Seiya.
– Está bem então – disse Shina, malevolamente. Antes que Seiya pudesse se dar conta, seu corpo já tinha sido lançado com extrema violência a metros de distância do chão. Era como se seu corpo tivesse sido sugado e envolvido por uma grande cobra com o corpo coberto de escamas rugosas, que faziam seu corpo arder em dor usando uma grande descarga de energia como instrumento de ataque.
– Venha Cobra!
O principal ataque de Shina; e um dos mais letais.
Seiya caiu verticalmente em direção ao chão. Como estava com a urna nas costas e caiu de frente para o chão, a grande caixa caiu sobre ele aumentando o impacto em seu peso. Mas, nada que um Cavaleiro de Bronze não poderia facilmente suportar. Apesar de Shina ser uma Amazona de Prata, ela não havia colocado força suficiente em seu golpe para matá-lo, pelo menos, não de primeira.
– Levanta estrangeiro! – provocou Shina. Então aos poucos, membro por membro, Seiya se levantou meio estremecido e se colocando de frente para Shina. Ele sabia que ela não estava de brincadeira. Era normal que dentro do Santuário os conflitos fossem resolvidos pela força. Se quisesse sair vivo dali, teria que lutar e provar, mais uma vez, o seu valor.
– Não sei qual é seu problema. Mas, não vou ficar parado enquanto você me ataca!
– Meteoro de Pégaso! – Uma grande quantidade de meteoros explodiu em direção a Shina que se permitiu reconhecer naquele breve momento a superioridade de Seiya em relação a Cássios. Sem controlar o cosmo, seu pupilo possivelmente não tenha visto aquela grande quantidade de socos disparados por Seiya. Mas, para alguém de sua patente, não era algo que pudesse chamar de um desafio. Shina, mesmo sem muito esforço, podia ver perfeitamente os socos desferidos por Seiya, e até mesmo contorná-los.
– Que velocidade patética para se enfrentar alguém como eu...
À medida que os socos iam sendo desferidos, Shina ia facilmente contornando-os como uma cobra dançando em meio a um emaranhado de galhos. Até que Seiya percebeu a ineficiência de seus golpes.
– Mas... como ela conseguiu evitar todos os meus socos? São os mesmos socos que derrotaram o Cássios.
Seiya engoliu a seco sentindo um nó na garganta. Seus esforços de enfrentar Shina foram todos desmantelados. Como que uma mulher conseguiria sobreviver e de certa forma debochar de sua força? A mesma força que abriu caminho para obter sua tão sonhada armadura? Será que Shina era tão superior a Seiya assim? Se tornar um Cavaleiro não mudaria em nada o seu destino? O rosto de Seiya estremeceu em meio às poderosas garras da Serpente.
Marin que até o momento só assistia a luta tentou conter a inquietante curiosidade de Seiya:
– Aí... Seiya, você é muito ingênuo.
– Marin... o que você disse? – perguntou Seiya, confuso.
– Shina é uma Amazona de Prata, e consegue facilmente superar a barreira do som. Poderia vencer você em um combate sem muito esforço. Está no nível acima de qualquer Cavaleiro de Bronze, que tem em seu limite justamente a barreira do som.
– “Então... essa é a diferença de poder de um Cavaleiro de Bronze para um Cavaleiro de Prata?” – refletiu Seiya, ainda confuso.
Achando que o pior já tinha passado e tentando recuperar seu ego, os sentidos aguçados de Cavaleiro de Seiya voltaram à tona quando ouvir a voz selvagem de Shina, gritando novamente.
– Presta atenção, Seiya! Sua velocidade não é nada comparada à minha! Minha patente, minha experiência e minhas habilidades estão ao meu favor. Ou você aumenta uma velocidade alcançando a barreira do som e fortaleça seus socos ou você terá seu fim aqui mesmo! – Mais uma vez, Shina lançou o corpo de Seiya com duas vezes mais velocidade que seus meteoros no ar; o corpo de Seiya foi mais longe que da primeira vez, até cair no meio de uma ravina. – Você teria que alcançar a velocidade do som, impossível para alguém no seu estado. De qualquer forma recuperarei a armadura e acharei alguém mais adequado que você.
Em meio aos pedregulhos, Shina descia lentamente a ravina com seu oponente derrotado no chão e a urna caída ao seu lado. Caído entre as pedras, Seiya se lembrava do que sua mestra havia lhe dito sobre a Urna Sagrada.
“Seiya... a armadura foi feita para proteger seu Cavaleiro de todo mal que afronta a justiça na Terra! Se correr algum perigo, abri-a, que ela vai te proteger. Só assim saberá na hora se a urna liberará demônios ou esperança renovada”.
Embora a natureza humana não suportaria nenhum dos ataques letais de Shina, Seiya não era mais um humano comum. Agora era um Cavaleiro de Atena, cuja sua proteção estava destinada à sagrada constelação de Pégaso. E com ela, ele lutaria. Shina, embora tivesse certeza de sua vitória - não que ela realmente considerava aquilo um combate de verdade - descia lentamente na cratera. Mas, parou subitamente ao ver a movimentação de Seiya. O jovem rapaz, cujo corpo estava estilhaçado no chão, arrebentado pelos ataques de Shina, começou a se arrastar entre as pedras com certa dificuldade, até que por pura insistência conseguiu agarrar a alavanca da urna, localizada no fusinho da imagem em relevo de Pégaso, em um dos lados da caixa. E - em um movimento de fé - reunindo a última gota de sua esperança, ele puxa a alavanca.
– Seiya!! – gritou Marin.
A grande caixa se abriu em quatro pedaços metálicos, liberando a fúria de Pégaso em uma grande luz azul. O grande cavalo alado se ergueu imponente e cavalgou rumo ao céu na direção de sua própria constelação que resplandeceu em todo o firmamento, deixando Seiya derramar lágrimas de admiração, enquanto olhava o feixe de luz azul. Dentro da caixa o brilho ainda era intenso, à medida que os olhos de Seiya conseguiam se ajustar aquela branquitude, ia se revelando diante dele a face de sua poderosa armadura.
– É... a armadura... de Pégaso!! – disse Seiya, ainda impactado.
Uma belíssima armadura que brilhava como se fosse a própria constelação de Pégaso. Cada pedaço da armadura condizia com uma parte do corpo de seu Cavaleiro e ao se desmontar se ajustava perfeitamente ao corpo de seu portador. E assim foi com Seiya, que como se fosse um chamado atraiu as partes da armadura para si, encaixando peça por peça.
– M-mas o quê...?!! Seiya! – gritou Shina, com ferocidade.
– Não Shina! – exclamou Marin. – Agora ele é... Seiya de Pégaso!!
– Por quê? Porque se permanecer aqui, amanhã você estará morto!
Como em um movimento imprevisível, Shina apareceu como uma cobra prestes a dar o bote fatal em sua presa. Sua atmosfera notavelmente nada amigável bloqueou a passagem de Seiya. O olhar de sua máscara refletia o olhar agressivo de uma serpente venenosa. Já era tarde para recuar e impossível de ignorá-la. Shina estava disposta a se vingar da vergonha de seu pupilo.
– Shina! – gritou Seiya.
A máscara da serpente continuou intacta.
Por que me considera um inimigo?!! Eu venci Cássios em uma luta justa, não tem porquê me odiar!
A máscara de Shina se virou lentamente em direção a Marin. E a Amazona logo quebrou o silêncio. – Marin, porque não me entrega a armadura de seu pupilo? Ou prefere que eu arranque dele junto com outras partes do seu corpo?
– Seiya não é mais um menino. É um homem, Shina. E agora também é um legítimo Cavaleiro, já pode se proteger sozinho!
– Marin! – exclamou Seiya.
– Está bem então – disse Shina, malevolamente. Antes que Seiya pudesse se dar conta, seu corpo já tinha sido lançado com extrema violência a metros de distância do chão. Era como se seu corpo tivesse sido sugado e envolvido por uma grande cobra com o corpo coberto de escamas rugosas, que faziam seu corpo arder em dor usando uma grande descarga de energia como instrumento de ataque.
– Venha Cobra!
O principal ataque de Shina; e um dos mais letais.
Seiya caiu verticalmente em direção ao chão. Como estava com a urna nas costas e caiu de frente para o chão, a grande caixa caiu sobre ele aumentando o impacto em seu peso. Mas, nada que um Cavaleiro de Bronze não poderia facilmente suportar. Apesar de Shina ser uma Amazona de Prata, ela não havia colocado força suficiente em seu golpe para matá-lo, pelo menos, não de primeira.
– Levanta estrangeiro! – provocou Shina. Então aos poucos, membro por membro, Seiya se levantou meio estremecido e se colocando de frente para Shina. Ele sabia que ela não estava de brincadeira. Era normal que dentro do Santuário os conflitos fossem resolvidos pela força. Se quisesse sair vivo dali, teria que lutar e provar, mais uma vez, o seu valor.
– Não sei qual é seu problema. Mas, não vou ficar parado enquanto você me ataca!
– Meteoro de Pégaso! – Uma grande quantidade de meteoros explodiu em direção a Shina que se permitiu reconhecer naquele breve momento a superioridade de Seiya em relação a Cássios. Sem controlar o cosmo, seu pupilo possivelmente não tenha visto aquela grande quantidade de socos disparados por Seiya. Mas, para alguém de sua patente, não era algo que pudesse chamar de um desafio. Shina, mesmo sem muito esforço, podia ver perfeitamente os socos desferidos por Seiya, e até mesmo contorná-los.
– Que velocidade patética para se enfrentar alguém como eu...
À medida que os socos iam sendo desferidos, Shina ia facilmente contornando-os como uma cobra dançando em meio a um emaranhado de galhos. Até que Seiya percebeu a ineficiência de seus golpes.
– Mas... como ela conseguiu evitar todos os meus socos? São os mesmos socos que derrotaram o Cássios.
Seiya engoliu a seco sentindo um nó na garganta. Seus esforços de enfrentar Shina foram todos desmantelados. Como que uma mulher conseguiria sobreviver e de certa forma debochar de sua força? A mesma força que abriu caminho para obter sua tão sonhada armadura? Será que Shina era tão superior a Seiya assim? Se tornar um Cavaleiro não mudaria em nada o seu destino? O rosto de Seiya estremeceu em meio às poderosas garras da Serpente.
Marin que até o momento só assistia a luta tentou conter a inquietante curiosidade de Seiya:
– Aí... Seiya, você é muito ingênuo.
– Marin... o que você disse? – perguntou Seiya, confuso.
– Shina é uma Amazona de Prata, e consegue facilmente superar a barreira do som. Poderia vencer você em um combate sem muito esforço. Está no nível acima de qualquer Cavaleiro de Bronze, que tem em seu limite justamente a barreira do som.
– “Então... essa é a diferença de poder de um Cavaleiro de Bronze para um Cavaleiro de Prata?” – refletiu Seiya, ainda confuso.
Achando que o pior já tinha passado e tentando recuperar seu ego, os sentidos aguçados de Cavaleiro de Seiya voltaram à tona quando ouvir a voz selvagem de Shina, gritando novamente.
– Presta atenção, Seiya! Sua velocidade não é nada comparada à minha! Minha patente, minha experiência e minhas habilidades estão ao meu favor. Ou você aumenta uma velocidade alcançando a barreira do som e fortaleça seus socos ou você terá seu fim aqui mesmo! – Mais uma vez, Shina lançou o corpo de Seiya com duas vezes mais velocidade que seus meteoros no ar; o corpo de Seiya foi mais longe que da primeira vez, até cair no meio de uma ravina. – Você teria que alcançar a velocidade do som, impossível para alguém no seu estado. De qualquer forma recuperarei a armadura e acharei alguém mais adequado que você.
Em meio aos pedregulhos, Shina descia lentamente a ravina com seu oponente derrotado no chão e a urna caída ao seu lado. Caído entre as pedras, Seiya se lembrava do que sua mestra havia lhe dito sobre a Urna Sagrada.
“Seiya... a armadura foi feita para proteger seu Cavaleiro de todo mal que afronta a justiça na Terra! Se correr algum perigo, abri-a, que ela vai te proteger. Só assim saberá na hora se a urna liberará demônios ou esperança renovada”.
Embora a natureza humana não suportaria nenhum dos ataques letais de Shina, Seiya não era mais um humano comum. Agora era um Cavaleiro de Atena, cuja sua proteção estava destinada à sagrada constelação de Pégaso. E com ela, ele lutaria. Shina, embora tivesse certeza de sua vitória - não que ela realmente considerava aquilo um combate de verdade - descia lentamente na cratera. Mas, parou subitamente ao ver a movimentação de Seiya. O jovem rapaz, cujo corpo estava estilhaçado no chão, arrebentado pelos ataques de Shina, começou a se arrastar entre as pedras com certa dificuldade, até que por pura insistência conseguiu agarrar a alavanca da urna, localizada no fusinho da imagem em relevo de Pégaso, em um dos lados da caixa. E - em um movimento de fé - reunindo a última gota de sua esperança, ele puxa a alavanca.
– Seiya!! – gritou Marin.
A grande caixa se abriu em quatro pedaços metálicos, liberando a fúria de Pégaso em uma grande luz azul. O grande cavalo alado se ergueu imponente e cavalgou rumo ao céu na direção de sua própria constelação que resplandeceu em todo o firmamento, deixando Seiya derramar lágrimas de admiração, enquanto olhava o feixe de luz azul. Dentro da caixa o brilho ainda era intenso, à medida que os olhos de Seiya conseguiam se ajustar aquela branquitude, ia se revelando diante dele a face de sua poderosa armadura.
– É... a armadura... de Pégaso!! – disse Seiya, ainda impactado.
Uma belíssima armadura que brilhava como se fosse a própria constelação de Pégaso. Cada pedaço da armadura condizia com uma parte do corpo de seu Cavaleiro e ao se desmontar se ajustava perfeitamente ao corpo de seu portador. E assim foi com Seiya, que como se fosse um chamado atraiu as partes da armadura para si, encaixando peça por peça.
– M-mas o quê...?!! Seiya! – gritou Shina, com ferocidade.
– Não Shina! – exclamou Marin. – Agora ele é... Seiya de Pégaso!!
Próximo Capítulo – A Primeira Batalha de Pégaso
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