Crônicas do Zodíaco – Saint Seya || Capítulo 03 – Seiya e Cássios!!!
“No início de cada jornada de um Cavaleiro ele é apenas um mero aspirante inexperiente e imaturo. Mas, o Santuário não é um lugar para crianças indefesas, é necessário que os futuros defensores da paz e da justiça entendam os seus reais deveres antes de verdadeiramente ousar a trajar uma Armadura Sagrada” – excerto do Manual dos Cavaleiros.
Capítulo Três – Seiya e Cássios!!!
Seiya já havia se recuperado parcialmente de seu treinamento com Marin nas terras ao redor do Santuário. Embora passar o dia naquele lugar, com todos os discípulos treinando exaustivamente e se colocando em situações que qualquer ser humano normal facilmente sucumbiria, fazia parte do cotidiano dele, Seiya sabia que aquele dia seria diferente.
– E, aí! Está preparado para o dia de hoje? – perguntou uma voz masculina, se aproximando lentamente. – O grande dia chegou, alguns aqui matariam dez homens para estar onde você está. Inclusive eu.
A voz era Helio, um companheiro de Seiya que também passava seus dias treinando como um pupilo nas terras do Santuário; tinha o porte do corpo bem semelhante ao do Seiya, mas a pele era negra e o cabelo curto; era o mais próximo que Seiya poderia chamar de amigo naquele lugar.
[nota: Primeiro personagem novo!]
– Claro que eu estou! – respondeu Seiya, com entonação. – Mais do que qualquer um aqui!
– É bom que você esteja mesmo. Se não, vai virar picadinho do Cássios.
– Aquele idiota nunca vai me vencer – disse o rapaz, pressionando os punhos –, irei derrotá-lo na frente de todos.
– É bom ver você confiante. Mas, sinto em te dar essa informação. Mas o Cássios também está bem confiante – alertou Helio. – Acho que já caiu na rotina dele vencer tantos combates seguidos. Todos o temem...
– Eu não o temo! – disse Seiya, seriamente.
– Tá bom, senhor matador de gigantes. Acha realmente que pode vencê-lo? – perguntou Helio, viu que Seiya parecia preocupado com alguma coisa fora da extensão do combate com Cássios. – Sabe que você podia ter adiado o combate em alguns meses, não sabe?
Seiya fez uma pausa. Depois se virou em direção ao horizonte e refletiu. – Eu preciso vencê-lo agora, não tenho mais tempo. Essa luta vai ser tudo ou nada pra mim, depois sairei deste lugar.
– Sair daqui? – perguntou Helio – Mas, por quê?
Antes que Seiya pudesse responder a pergunta de Helio uma voz assombrosa interrompeu a conversa dos dois.
– Olha só... o verme saiu da toca.
Seiya se virou. – Cássios! – disse em voz baixa.
– Está curtindo seus últimos momentos de vida? – provocou Cássios.
Seiya nada disse, ficou olhando para Cássios por um tempo, havia algo nele que instintivamente achava perturbador, algo que naquele momento não podia ser traduzido em palavras. Cássios era o último obstáculo para Seiya sair do Santuário, se ele não o vencesse nada faria um real sentido. Então, seu oponente estava logo ali na sua frente, respirou fundo e concentrou.
– Veja só, o rebelde da turma ficou calado – Cássios continuou sua provocação. – Isso é medo?
Ficar calado ou sereno nunca foi mérito de Seiya; era conhecido por ser explosivo e imaturo. Ele enrijeceu o corpo e se voltou contra Cássios. – Acha que tenho medo de você? Você pra mim é um nada, vou fazer você engolir essa sua arrogância. – O corpo de Seiya se aproximou ainda mais de Cássios, até que Helio interrompeu o movimento colocando sua mão no peito de Seiya e empurrando para trás.
– Calma, Seiya... ainda não é o combate. Ele só está te provocando.
– Ouve seu amiguinho, que apesar de ser fraco que nem você parece ser mais inteligente. Se bem que comparado a você até uma pedra é mais inteligente.
Seiya forçou o corpo contra a mão de Helio com a intenção de atacá-lo, mas logo uma voz impactante veio como um balde de água fria e o parou no susto.
– Já chega!
Logo os três pararam de forma abrupta, enquanto o dono da voz se aproximava a passos curtos. Seu nome era Aiolia, um dos mais respeitados Cavaleiros do Santuário e a maior autoridade ali presente, depois do Grande Mestre. Os olhos dos garotos brilhavam em admiração na presença do Cavaleiro. Apesar de não saberem exatamente o que um Cavaleiro na posição de Aiolia fazia, eles almejavam com vigor alcançar seu patamar, pois, no Santuário Aiolia era sempre sinônimo de coragem, força e poder. Era a primeira vez que Aiolia se aproximava deles daquele jeito; e, por um tempo, ninguém disse uma só palavra.
– O que vocês pensam que estão fazendo agindo dessa forma em um local sagrado como esse? – perguntou o Cavaleiro, asperamente.
– Senhor Aiolia! – disse Cássios, engolindo a seco.
– Guerreiros valiosos morreram fazendo o que vocês fazem. Deviam demonstrar o mínimo de maturidade se querem fazer parte dessa Ordem.
Os olhos de Seiya fixavam em Aiolia que retribuiu com um olhar desconfiado. Eles se entreolharam por um tempo. Havia algo no Cavaleiro que despertava em Seiya uma instintiva sensação de superação; por alguma razão era como se os dois pudessem se entender e se reconhecer como futuros oponentes ou até aliados.
– Foi ele que começou – justificou Seiya. Cássios e Helio continuaram ligeiramente petrificados.
– Não importa quem começou – retrucou Aiolia. – Respeitem o local onde vocês estão!
– Mas senhor... – disse Cássios, desajeitadamente olhando para o Cavaleiro.
Ele se virou para Cássios e seu tom se tornou mais sério. – Se os dois têm suas divergências, então resolvem isso como dois homens; e não como duas crianças mimadas. Logo estarão frente a frente um do outro – ele fez uma pausa –, e lá resolverão isso. – Então, sem dar mais satisfação aos garotos, Aiolia deu-os as costas, ignorando completamente suas existências e os deixando plantados ali.
Não muito longe de Seiya, Marin observava a movimentação do coliseu, tentando não deixar evidente sua relativa apreensão em relação ao seu pupilo. Tanto tempo treinando Seiya que ela acabou se afeiçoando ao jovem pupilo como nunca tinha se afeiçoado a com qualquer outro aspirante; embora a natureza de Seiya mostrava-se residir uma força e até mesmo uma rebeldia, Marin sabia que precisava domá-la e lapidá-la com certo cuidado, pois, Seiya poderia evoluir para um grande guerreiro ou uma terrível ameaça. O Santuário não era tão tolerante assim com insubordinações e Marin sabia muito bem disso.
– Preocupada com seu pupilo? – perguntou uma voz, com certa entonação e ironia. Aos poucos a dona da voz caminhava levemente se aproximando de Marin, que de primeira a reconheceu. – No seu lugar eu também ficaria.
– Quer que eu tire a máscara pra você ver – Marin fez uma pausa. – Shina!
Apesar de naquele momento não ter muitas Amazonas representando as mulheres no Santuário, Marin não era a única a se destacar. Shina de Cobra era outra membro da Ordem dos Cavaleiros de Atena que junto com Marin, ambas Amazonas de Prata, havia conquistado um grande respeito entre os Cavaleiros. De aparência atlética, semelhante ao corpo de Marin, Shina esboçava longos cabelos esverdeados e um rosto suave e gentil que escondia traiçoeiramente sua verdadeira personalidade. Conhecida por ser agressiva e imponente, Shina conseguia ser ainda mais dura que Marin. E assim como todas as outras Amazonas cobria seu rosto como uma máscara, mantendo assim sua aparência em sigilo. Sua armadura tinha o típico brilho de mármore das armaduras de prata, sua cor era predominantemente roxa; mas, diferente de muitas cobria apenas pequenas partes do corpo, consistindo no peitoral, nos antebraços e nas pernas; além de uma espécie de tiara endossando a cabeça de orelha a orelha. Tanto Shina quanto Marin eram consideradas duas das mais poderosas e competentes Amazonas de todo Santuário, mas isso não as colocavam como grandes amigas. As duas guerreiras tinham suas diferenças e isso era de se notar.
– Aquele estrangeiro nunca vai entrar para Ordem, – disse Shina, provocando Marin. – Ele nem deveria está aqui...
– Seiya é um rapaz que tem valores compatíveis com os da Ordem, não tenho dúvida que ele será um grande Cavaleiro.
– Terá que passar primeiro pelo Cássios. Entre os treinados ele é o mais preparado para entrar na Ordem, eu mesmo verifiquei pessoalmente isso em seu treinamento.
– Veremos isso em instantes... – disse Marin, olhando para Seiya.
Shina sai ignorando friamente o comentário de Marin.
O coliseu estava lotado. Os soldados, pupilos e mestres já ocupavam seus lugares na arquibancada que contornava a arena principal em um semicírculo. O amarelado das pedras preservado há séculos reforçava a aparência extrema do lugar, que de longe não incomodava em nada os que se faziam presente ali.
– Seiya e Cássios!!!
A voz que disse isso era, depois de Atena, a voz mais respeitada dentro do Santuário, independente de qual classe dos Cavaleiros algum guerreiro fosse pertencer, ele sempre deveria, na ausência da deusa Atena, obedecer ao Grande Mestre do Santuário que, apesar de ser um humano, era o legítimo representante de Atena na Terra, encarregado de governar o Santuário e comandar os Cavaleiros. Entre todos ali presente, ele era o que mais chamava a atenção, devida suas vestes: um grande manto branco que cobria majestosamente seu corpo, uma grande faixa verde com as bordas douradas que envolvia o pescoço indo até a região abaixo da cintura, dois colares de pedras decorados com uma grande cruz no peito, seguido de outro colar dourado menor, porém, mais grosso com uma grande pedra verde no centro. E, por fim, o utensílio mais chamativo: um grande elmo dourado como uma pequena imagem de um dragão com as asas parcialmente abertas sobreposto a uma máscara cinzenta cobrindo sua aparência facial. Assim era o Mestre, praticamente um grande rei entre todos ali.
Seiya já estava perto de Marin e Cássios de Shina. Ambos se entreolhavam ferozmente, sem hesitar.
– Cada um de vocês venceu nove guerreiros até hoje – disse o Grande Mestre, relembrando às informações aos dois competidores. – Agora restam apenas os dois! – Continuou. – Aquele que vencer ganhará a honra de pertencer a Ordem dos Cavaleiros de Atena! – Os dois pupilos se entreolharam com ainda mais intensidade. – O vencedor será...
– Um instante, Grande Mestre! – interrompeu Shina, demonstrando respeito se ajoelhando e pondo um dos punhos no chão quente. – Perdoe a minha interrupção, mas tenho um comunicado importante antes de começar o combate...
– O que é Shina? – indagou o Grande Mestre, que olhou para a arquibancada e viu que todos também haviam ficado curiosos.
– Na noite passada Seiya tentou fugir do Santuário...
O murmúrio começou a tomar conta da arquibancada. Uma das regras mais graves que um membro do Santuário nunca poderia quebrar era fugir do Santuário. Se fosse comprovado o que Shina estava dizendo a luta nem mesmo iria acontecer. E Seiya sofreria graves punições pela sua insubordinação.
– O que significa isso, Marin? – perguntou o Grande Mestre.
– Sem dúvidas, isso é um engano. Houve sim uma saída do Santuário, mas apenas para um treinamento especial entre o Seiya e eu. E não para uma fuga.
– Eles estão mentindo! – exclamou Shina. – Eles devem está com medo da superioridade de Cássios! – exclamou Shina, ainda mais alto. – Não importa! De qualquer jeito, um estrangeiro de tão longe não merece se tornar um Cavaleiro!
Era visível o desprezo que Shina tinha por Seiya por ter origem fora das terras ao redor do Santuário. O que ela não esperava era que, além de Marin, Seiya teria uma grande ajuda em sua defesa.
– Como assim Shina? Explique isso direito!
Ao se virar para ver o dono da voz, Shina murmurou:
– Aiolia...
De braços cruzados, Aiolia continuou seu discurso. – A origem nunca impediu qualquer pessoa de se tornar Cavaleiro! A vitória sempre decidiu quem teria esse direito!
O Mestre viu que essa discussão já havia tomado tempo demais e logo concordou com o Cavaleiro. – Aiolia tem razão! Deixe que o combate nos dê a resposta. Veremos se Seiya é digno... se for o caso, ele vencerá.
– Mas, Grande Mestre...
– Chega Shina! – disse o Mestre, interrompendo a Amazona. – O combate precisa começar! Que se inicie o combate! O vencedor vai ficar com a Armadura de Bronze de Pégaso!
Os olhos de todos brilhavam de admiração ao ver a Urna Sagrada que continha a Armadura de Pégaso no seu interior. – Olhem, é a Armadura de Pégaso! – Alguém gritou na arquibancada. – Dizem que seu portador, se for honrado, ganha a proteção de Pégaso! – gritou outro do outro lado. – Sem dúvida ela é a prova incontestável de que o dono é um Cavaleiro de Atena.
Mas que qualquer outro ali presente, Seiya era o que mais se admirava ao olhar para a urna. “Lá está ela.” – pensou Seiya. – “Depois de tanto tempo, está tão perto. Foi por causa dela que vim parar nesse lugar” – Era como se todos ali tivessem desaparecidos no estante e Seiya tivesse sozinho com a armadura; como se o próprio Cronos tivesse parado o tempo para que Seiya pudesse apreciá-la e se conectar através do vazio do cosmo. Mas a sensação de irrealidade foi logo abruptamente interrompida quando Seiya sentiu seu corpo sendo sugado para trás e comprimido por algo fora de seu alcance. Era o gigante Cássios, o agarrando com a maior facilidade, como de quem pega uma fruta no pé. Seiya olhou para ele – Por que você não fugiu ontem à noite, verme pequeno. Querer essa armadura fará mal a sua saúde! – Debochou o gigante. – Ela não pode ficar com um estrangeiro desonrado! – Cássios começou a apertar os braços e comprimir Seiya, cada vez mais com força enquanto ria do sofrimento de seu oponente. – Mas por que a pressa, não é? Acho que essa vai ser a última vez que eu vou me divertir com você... então, vamos aproveitar... farei de você picadinho e espalharei seus pedaços pelo chão... – Seiya, que ainda tentava se livrar das mãos de Cássios, naquele momento parecia não se incomodar com suas provocações. – Não é uma boa idéia, Seiy... hãããã... – Antes que o gigante tivesse tempo para terminar outra provocação, Seiya, com apenas um movimento brusco, lançou sua mão direita em direção a uma das orelhas de Cássios, que gritou.
Agora o coliseu já estava mais lotado do que antes. Os rostos de todos se transformaram em uma coleção de caretas elásticas, enquanto uma das orelhas de Cássios deslizava pelo ar até cair, verticalmente, para o chão. Em um movimento involuntário Cássios soltou Seiya que logo se encarregou de manter uma certa distância do rival.
– Aaaaaarrrrghhh! – gritou Cássios, de novo. – V-você... cortou minha orelha, seu verme maldito!
– Não é que é uma boa ideia mesmo, Cássios? – ironizou Seiya, enquanto o sangue transbordava do rosto de Cássios. – Cássios, eu não sou tão fraco como você imagina... vamos continuar!
A voz era Helio, um companheiro de Seiya que também passava seus dias treinando como um pupilo nas terras do Santuário; tinha o porte do corpo bem semelhante ao do Seiya, mas a pele era negra e o cabelo curto; era o mais próximo que Seiya poderia chamar de amigo naquele lugar.
[nota: Primeiro personagem novo!]
– Claro que eu estou! – respondeu Seiya, com entonação. – Mais do que qualquer um aqui!
– É bom que você esteja mesmo. Se não, vai virar picadinho do Cássios.
– Aquele idiota nunca vai me vencer – disse o rapaz, pressionando os punhos –, irei derrotá-lo na frente de todos.
– É bom ver você confiante. Mas, sinto em te dar essa informação. Mas o Cássios também está bem confiante – alertou Helio. – Acho que já caiu na rotina dele vencer tantos combates seguidos. Todos o temem...
– Eu não o temo! – disse Seiya, seriamente.
– Tá bom, senhor matador de gigantes. Acha realmente que pode vencê-lo? – perguntou Helio, viu que Seiya parecia preocupado com alguma coisa fora da extensão do combate com Cássios. – Sabe que você podia ter adiado o combate em alguns meses, não sabe?
Seiya fez uma pausa. Depois se virou em direção ao horizonte e refletiu. – Eu preciso vencê-lo agora, não tenho mais tempo. Essa luta vai ser tudo ou nada pra mim, depois sairei deste lugar.
– Sair daqui? – perguntou Helio – Mas, por quê?
Antes que Seiya pudesse responder a pergunta de Helio uma voz assombrosa interrompeu a conversa dos dois.
– Olha só... o verme saiu da toca.
Seiya se virou. – Cássios! – disse em voz baixa.
– Está curtindo seus últimos momentos de vida? – provocou Cássios.
Seiya nada disse, ficou olhando para Cássios por um tempo, havia algo nele que instintivamente achava perturbador, algo que naquele momento não podia ser traduzido em palavras. Cássios era o último obstáculo para Seiya sair do Santuário, se ele não o vencesse nada faria um real sentido. Então, seu oponente estava logo ali na sua frente, respirou fundo e concentrou.
– Veja só, o rebelde da turma ficou calado – Cássios continuou sua provocação. – Isso é medo?
Ficar calado ou sereno nunca foi mérito de Seiya; era conhecido por ser explosivo e imaturo. Ele enrijeceu o corpo e se voltou contra Cássios. – Acha que tenho medo de você? Você pra mim é um nada, vou fazer você engolir essa sua arrogância. – O corpo de Seiya se aproximou ainda mais de Cássios, até que Helio interrompeu o movimento colocando sua mão no peito de Seiya e empurrando para trás.
– Calma, Seiya... ainda não é o combate. Ele só está te provocando.
– Ouve seu amiguinho, que apesar de ser fraco que nem você parece ser mais inteligente. Se bem que comparado a você até uma pedra é mais inteligente.
Seiya forçou o corpo contra a mão de Helio com a intenção de atacá-lo, mas logo uma voz impactante veio como um balde de água fria e o parou no susto.
– Já chega!
Logo os três pararam de forma abrupta, enquanto o dono da voz se aproximava a passos curtos. Seu nome era Aiolia, um dos mais respeitados Cavaleiros do Santuário e a maior autoridade ali presente, depois do Grande Mestre. Os olhos dos garotos brilhavam em admiração na presença do Cavaleiro. Apesar de não saberem exatamente o que um Cavaleiro na posição de Aiolia fazia, eles almejavam com vigor alcançar seu patamar, pois, no Santuário Aiolia era sempre sinônimo de coragem, força e poder. Era a primeira vez que Aiolia se aproximava deles daquele jeito; e, por um tempo, ninguém disse uma só palavra.
– O que vocês pensam que estão fazendo agindo dessa forma em um local sagrado como esse? – perguntou o Cavaleiro, asperamente.
– Senhor Aiolia! – disse Cássios, engolindo a seco.
– Guerreiros valiosos morreram fazendo o que vocês fazem. Deviam demonstrar o mínimo de maturidade se querem fazer parte dessa Ordem.
Os olhos de Seiya fixavam em Aiolia que retribuiu com um olhar desconfiado. Eles se entreolharam por um tempo. Havia algo no Cavaleiro que despertava em Seiya uma instintiva sensação de superação; por alguma razão era como se os dois pudessem se entender e se reconhecer como futuros oponentes ou até aliados.
– Foi ele que começou – justificou Seiya. Cássios e Helio continuaram ligeiramente petrificados.
– Não importa quem começou – retrucou Aiolia. – Respeitem o local onde vocês estão!
– Mas senhor... – disse Cássios, desajeitadamente olhando para o Cavaleiro.
Ele se virou para Cássios e seu tom se tornou mais sério. – Se os dois têm suas divergências, então resolvem isso como dois homens; e não como duas crianças mimadas. Logo estarão frente a frente um do outro – ele fez uma pausa –, e lá resolverão isso. – Então, sem dar mais satisfação aos garotos, Aiolia deu-os as costas, ignorando completamente suas existências e os deixando plantados ali.
...
– Preocupada com seu pupilo? – perguntou uma voz, com certa entonação e ironia. Aos poucos a dona da voz caminhava levemente se aproximando de Marin, que de primeira a reconheceu. – No seu lugar eu também ficaria.
– Quer que eu tire a máscara pra você ver – Marin fez uma pausa. – Shina!
Apesar de naquele momento não ter muitas Amazonas representando as mulheres no Santuário, Marin não era a única a se destacar. Shina de Cobra era outra membro da Ordem dos Cavaleiros de Atena que junto com Marin, ambas Amazonas de Prata, havia conquistado um grande respeito entre os Cavaleiros. De aparência atlética, semelhante ao corpo de Marin, Shina esboçava longos cabelos esverdeados e um rosto suave e gentil que escondia traiçoeiramente sua verdadeira personalidade. Conhecida por ser agressiva e imponente, Shina conseguia ser ainda mais dura que Marin. E assim como todas as outras Amazonas cobria seu rosto como uma máscara, mantendo assim sua aparência em sigilo. Sua armadura tinha o típico brilho de mármore das armaduras de prata, sua cor era predominantemente roxa; mas, diferente de muitas cobria apenas pequenas partes do corpo, consistindo no peitoral, nos antebraços e nas pernas; além de uma espécie de tiara endossando a cabeça de orelha a orelha. Tanto Shina quanto Marin eram consideradas duas das mais poderosas e competentes Amazonas de todo Santuário, mas isso não as colocavam como grandes amigas. As duas guerreiras tinham suas diferenças e isso era de se notar.
– Aquele estrangeiro nunca vai entrar para Ordem, – disse Shina, provocando Marin. – Ele nem deveria está aqui...
– Seiya é um rapaz que tem valores compatíveis com os da Ordem, não tenho dúvida que ele será um grande Cavaleiro.
– Terá que passar primeiro pelo Cássios. Entre os treinados ele é o mais preparado para entrar na Ordem, eu mesmo verifiquei pessoalmente isso em seu treinamento.
– Veremos isso em instantes... – disse Marin, olhando para Seiya.
Shina sai ignorando friamente o comentário de Marin.
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O coliseu estava lotado. Os soldados, pupilos e mestres já ocupavam seus lugares na arquibancada que contornava a arena principal em um semicírculo. O amarelado das pedras preservado há séculos reforçava a aparência extrema do lugar, que de longe não incomodava em nada os que se faziam presente ali.
– Seiya e Cássios!!!
A voz que disse isso era, depois de Atena, a voz mais respeitada dentro do Santuário, independente de qual classe dos Cavaleiros algum guerreiro fosse pertencer, ele sempre deveria, na ausência da deusa Atena, obedecer ao Grande Mestre do Santuário que, apesar de ser um humano, era o legítimo representante de Atena na Terra, encarregado de governar o Santuário e comandar os Cavaleiros. Entre todos ali presente, ele era o que mais chamava a atenção, devida suas vestes: um grande manto branco que cobria majestosamente seu corpo, uma grande faixa verde com as bordas douradas que envolvia o pescoço indo até a região abaixo da cintura, dois colares de pedras decorados com uma grande cruz no peito, seguido de outro colar dourado menor, porém, mais grosso com uma grande pedra verde no centro. E, por fim, o utensílio mais chamativo: um grande elmo dourado como uma pequena imagem de um dragão com as asas parcialmente abertas sobreposto a uma máscara cinzenta cobrindo sua aparência facial. Assim era o Mestre, praticamente um grande rei entre todos ali.
Seiya já estava perto de Marin e Cássios de Shina. Ambos se entreolhavam ferozmente, sem hesitar.
– Cada um de vocês venceu nove guerreiros até hoje – disse o Grande Mestre, relembrando às informações aos dois competidores. – Agora restam apenas os dois! – Continuou. – Aquele que vencer ganhará a honra de pertencer a Ordem dos Cavaleiros de Atena! – Os dois pupilos se entreolharam com ainda mais intensidade. – O vencedor será...
– Um instante, Grande Mestre! – interrompeu Shina, demonstrando respeito se ajoelhando e pondo um dos punhos no chão quente. – Perdoe a minha interrupção, mas tenho um comunicado importante antes de começar o combate...
– O que é Shina? – indagou o Grande Mestre, que olhou para a arquibancada e viu que todos também haviam ficado curiosos.
– Na noite passada Seiya tentou fugir do Santuário...
O murmúrio começou a tomar conta da arquibancada. Uma das regras mais graves que um membro do Santuário nunca poderia quebrar era fugir do Santuário. Se fosse comprovado o que Shina estava dizendo a luta nem mesmo iria acontecer. E Seiya sofreria graves punições pela sua insubordinação.
– O que significa isso, Marin? – perguntou o Grande Mestre.
– Sem dúvidas, isso é um engano. Houve sim uma saída do Santuário, mas apenas para um treinamento especial entre o Seiya e eu. E não para uma fuga.
– Eles estão mentindo! – exclamou Shina. – Eles devem está com medo da superioridade de Cássios! – exclamou Shina, ainda mais alto. – Não importa! De qualquer jeito, um estrangeiro de tão longe não merece se tornar um Cavaleiro!
Era visível o desprezo que Shina tinha por Seiya por ter origem fora das terras ao redor do Santuário. O que ela não esperava era que, além de Marin, Seiya teria uma grande ajuda em sua defesa.
– Como assim Shina? Explique isso direito!
Ao se virar para ver o dono da voz, Shina murmurou:
– Aiolia...
De braços cruzados, Aiolia continuou seu discurso. – A origem nunca impediu qualquer pessoa de se tornar Cavaleiro! A vitória sempre decidiu quem teria esse direito!
O Mestre viu que essa discussão já havia tomado tempo demais e logo concordou com o Cavaleiro. – Aiolia tem razão! Deixe que o combate nos dê a resposta. Veremos se Seiya é digno... se for o caso, ele vencerá.
– Mas, Grande Mestre...
– Chega Shina! – disse o Mestre, interrompendo a Amazona. – O combate precisa começar! Que se inicie o combate! O vencedor vai ficar com a Armadura de Bronze de Pégaso!
Os olhos de todos brilhavam de admiração ao ver a Urna Sagrada que continha a Armadura de Pégaso no seu interior. – Olhem, é a Armadura de Pégaso! – Alguém gritou na arquibancada. – Dizem que seu portador, se for honrado, ganha a proteção de Pégaso! – gritou outro do outro lado. – Sem dúvida ela é a prova incontestável de que o dono é um Cavaleiro de Atena.
Mas que qualquer outro ali presente, Seiya era o que mais se admirava ao olhar para a urna. “Lá está ela.” – pensou Seiya. – “Depois de tanto tempo, está tão perto. Foi por causa dela que vim parar nesse lugar” – Era como se todos ali tivessem desaparecidos no estante e Seiya tivesse sozinho com a armadura; como se o próprio Cronos tivesse parado o tempo para que Seiya pudesse apreciá-la e se conectar através do vazio do cosmo. Mas a sensação de irrealidade foi logo abruptamente interrompida quando Seiya sentiu seu corpo sendo sugado para trás e comprimido por algo fora de seu alcance. Era o gigante Cássios, o agarrando com a maior facilidade, como de quem pega uma fruta no pé. Seiya olhou para ele – Por que você não fugiu ontem à noite, verme pequeno. Querer essa armadura fará mal a sua saúde! – Debochou o gigante. – Ela não pode ficar com um estrangeiro desonrado! – Cássios começou a apertar os braços e comprimir Seiya, cada vez mais com força enquanto ria do sofrimento de seu oponente. – Mas por que a pressa, não é? Acho que essa vai ser a última vez que eu vou me divertir com você... então, vamos aproveitar... farei de você picadinho e espalharei seus pedaços pelo chão... – Seiya, que ainda tentava se livrar das mãos de Cássios, naquele momento parecia não se incomodar com suas provocações. – Não é uma boa idéia, Seiy... hãããã... – Antes que o gigante tivesse tempo para terminar outra provocação, Seiya, com apenas um movimento brusco, lançou sua mão direita em direção a uma das orelhas de Cássios, que gritou.
Agora o coliseu já estava mais lotado do que antes. Os rostos de todos se transformaram em uma coleção de caretas elásticas, enquanto uma das orelhas de Cássios deslizava pelo ar até cair, verticalmente, para o chão. Em um movimento involuntário Cássios soltou Seiya que logo se encarregou de manter uma certa distância do rival.
– Aaaaaarrrrghhh! – gritou Cássios, de novo. – V-você... cortou minha orelha, seu verme maldito!
– Não é que é uma boa ideia mesmo, Cássios? – ironizou Seiya, enquanto o sangue transbordava do rosto de Cássios. – Cássios, eu não sou tão fraco como você imagina... vamos continuar!
Próximo Capítulo – Avante Pégaso!!
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Parabéns, capítulo incrível!
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