Crônicas do Zodíaco – Uma História no Santuário || Capítulo 02 - Entre Treinamentos e Desavenças
Capítulo
Dois - Entre Treinamentos e Desavenças
No dia seguinte, depois da oitava vitória de Seiya, conquistada de forma que quebrasse todas as expectativas dos habitantes do Santuário, o sol raiava intensamente. E, assim como na rotina do próprio Santuário, o discípulo de Marin já estava de pé reforçando seu treinamento. Um pouco distante da arena do coliseu, onde os outros treinavam, ele continuava treinando sem deixar seus pensamentos pararem de dominar sua atenção.
– Seiya! Concentre-se! – A voz que alarmava a falta de atenção do aspirante era masculina, porém familiar.
– Ahn? – expressou Seiya, voltando a si.
– Desse jeito eu vou acabar te machucando, mais do que você está. E não vai ficar nada legal. Ontem, contra o Erdu, você estava bem mais ágil e determinado em vencer. – A voz masculina e amigável era de Helio, um jovem aspirante de pele negra e corpo atlético que entre todos os outros era o mais próximo de Seiya, também sonhava em se tornar um Cavaleiro de Atena dentro do Santuário.
Seiya continuava confuso até que respondeu: – É. Hoje eu estou mesmo distraído...
– O que aconteceu?
– A Marin me disse que talvez eu vou ter que lutar contra o Cássios na minha última luta. – Os olhos de Seiya fixavam refletindo sem dar muita importância a onde que a presença de Helio estava.
– Seiya. Não quero muito ser pessimista, mas tem realmente uma grande chance de seu próximo oponente ser o gigante. Ele está derrotando todo mundo sem o menor esforço. Ouvir dizer que ele pega as cabeças dos oponentes derrotados e... é deixa para lá. Mas, se você quer realmente vencê-lo, não pode deixar seus pensamentos te atrapalhar.
Seiya refletiu por alguns segundos e respondeu olhando para Helio: – Tem razão. Não posso me deixar levar por esses pensamentos, vou derrotar - seja ele ou qualquer um que estiver no dia no coliseu para me enfrentar.
– Enquanto isso. Eu sou seu oponente! – Helio avançou golpeando com o punho e com o antebraço esquerdo Seiya o bloqueou. O segundo movimento veio com o outro punho, ambos geraram uma pequena sequência de golpes e encontrando uma abertura, Helio atacou. O soco foi o abdome de Seiya que com a força do golpe deu alguns passos para trás.
– Seiya se concentra! Precisa melhorar seu desempenho no Santuário. Depois de tanto tempo nesse lugar, vimos muitos dos nossos cair em derrotas humilhantes. Você só precisa vencer o próximo oponente, mesmo que ele possa ser o Cássios.
Alguns segundos refletindo, Seiya retruca: – Tem razão. Tenho um objetivo em mente, não posso desistir agora. – Ele olhou para Helio:
– Vamos!
Os dois voltaram a se chocarem e a sequência de golpes e o treinamento se intensificou. Helio e Seiya eram pupilos de mestres diferentes, mas ambos sempre treinavam juntos tornando-os companheiros de treinamento.
[nota: se você se interessou pelo Helio, não se preocupe, ele será mais usado mais pela frente em futuras produções.]
Seiya investiu o punho contra o abdome de Helio que mesmo sentindo a dor da pressão conseguiu bloquear a segunda investida e contra-atacar. Se livrando do golpe, Seiya ataca subitamente com um chute esquerdo. Sentindo o golpe, Helio vai para trás.
Hahaha! – expressou Helio rindo, com as mãos cruzadas no abdome. – Impressionante. Depois daquela luta de ontem, você está quase completamente recuperado, com alguns arranhões, mas se comparar seus esforços é admirável.
Seiya riu retribuindo a observação de seu companheiro, mas retrucou: – Nem tanto, ainda sinto algumas dores e alguns hematomas ainda enfeitam meu corpo. Mas, você ficou mais rápido desde a última vez que nos enfrentamos. Seu punho está mais rápido e mais preciso. Não me parece que você está tão atrás assim...
– Idiotas!
Se aproximando dos dois aspirantes, uma voz rouca e exaltada se anunciava. Helio olhou, mas foi Seiya que reagiu de forma mais tensa à figura que vinha se aproximando.
– Cássios! – murmurou ele.
O aspirante a Cavaleiro e pupilo de Shina como de costume perturbava o treinamento de Seiya, sempre que Marin não estava por perto. Seiya e Cássios, desde pequenos, nutriam uma rivalidade e um intenso sentimento de ódio um pelo outro. Apesar dos esforços, Seiya sempre ficava atrás do gigante nas suas performances e em seu desempenho. Enquanto isso, Cássios sempre encontrava um jeito de perturbá-lo e mexer com seu equilíbrio. O fato de Seiya ser um estrangeiro naquelas terras o incomodava constantemente.
– O pequeno estrangeiro deve está feliz em vencer mais uma luta. O que pretende? Criar fama no Santuário? Um estrangeiro nunca será respeitado aqui!
– Não me preocupo com a fama nesse lugar. E não me importo com o que os habitantes do Santuário pensam de mim! Não estou aqui para isso!
– Não me importa quais são suas intenções. Só espero que você não fuja antes de nossa luta... estrangeiro. Depois de tantos anos aturando você aqui, finalmente eu poderia matá-lo como eu quero. E melhor, será na frente de todo o Santuário. Você terá fama sim, mas de aspirante humilhado.
Seiya continuou olhando, com os olhos agressivos ele rebatia a ameaça do gigante que, apesar do tamanho, não o intimidava.
– O que foi? Não vai desistir antes, não é? Não se atreva!
– Não desistir até agora. Não é por causa de você que eu vou. Nossa luta poderia ser agora, mas a Shina não está aqui para ver sua vergonhosa derrota.
– Estrangeiro miserável! Quem você pensa que é?
– Não fale assim com o Seiya! – Helio, furioso, avançou contra Cássios. O punho foi reto e linear. Mas o gigante não se intimidava com facilidade. Agarrou o punho fechado de Helio e o segurou.
– Ora! O guarda-costas fiel resolveu abrir o pico. – Cássios olhou para Helio, fixando a atenção. – Mas, me diga. É só treinamento mesmo, ou... rola algo mais entre vocês?
– Cale a boca, maldito! – Helio, de forma imprevista, se livrou do punho de Cássios e cedendo ao improviso, golpeou o gigante do abdome, que foi para trás. Os passos de Cássios levantaram a poeira que logo voltou a se assentar no chão. Helio voltou para perto de Seiya, enquanto o gigante se enfurecia.
– Helio? Como que você fez aquilo? Aquele movimento foi incrível! – perguntou Seiya, confuso.
– Eu não sei...
– Miserável! – gritou Cássios, com a mão no abdome. – Como ousa? Eu vou te matar! – Deu um forte passo para frente e ao iniciar o movimento uma voz firme o interrompeu.
– Basta! – Os três olharam simultaneamente para a origem do som e viram que alguém se aproximava. Mas foi Helio que se expressou:
– Naila!
– Cássios, Shina deve está te esperando para dar continuidade em seu treinamento. Sua luta deve estar próxima. Então, deixe Seiya e Helio em paz! – Com o olhar de ameaça para os dois o gigante vira o corpo e começa se distanciar.
– Nós nos veremos na arena estrangeiro. – Olhou para Helio. – E você...
– Vamos, Cássios!
Sem falar nada o gigante saiu. Enquanto a imagem de Cássios desaparecia entre as pedras e pedregulhos no chão amarelado, a de Naila se aproximava cada vez mais em direção dos dois aspirantes.
– Mestra! – exclamou Helio. Seiya continuou quieto vendo ela se aproximar.
– Vocês dois não conseguem ficar longe de confusão nem um só dia? Como querem se tornar Cavaleiros? Disciplina e ordem são fundamentais sem essas virtudes nunca se tornaram dignos de entrar para pertencer a esse lugar.
– Mas o Cássios que veio perturbar nosso treinamento. Sempre que estamos treinando ele vem. Ele se acha o melhor entre os aspirantes.
– Treinamento? – questionou Naila. – Porque vocês dois estão treinando desse jeito? Seiya não acabou de vencer uma luta? E você, Helio? Não me lembro de ter um combate pra você nos próximos dias?
– Nossa quanta pergunta... – murmurou Seiya.
Tentando responder todas as perguntas de uma só vez, Helio iniciou: – A próxima luta do Seiya deve ser com o Cássios, já que ninguém consegue derrubar ele. E a fama que ele carrega com seus combates está amedrontando o Seiya.
– Ei, não tá não! – interrompeu Seiya.
Ignorando o amigo, Helio continuou: – Então, estou ajudando o Seiya a melhorar suas habilidades para seu combate. Sei que se ele manter esse nível o Cássios passará por cima dele e não irá sobrar nada. Acredito que tanto o Cássios e o Seiya estão esperando essa luta.
Naila refletiu. – Entendo. Acha que pode vencer o Cássios, Seiya? Ele me parece bem forte. Sem falar que ele nunca perdeu em combates com você e foi um dos poucos que sobreviveu ao treinamento da Shina.
– Não tenho medo dele, nem de ninguém. Preciso ter acesso a uma armadura. E antes disso vencê-lo, se quiser sair daqui.
– Sair daqui? Um Cavaleiro deve servir ao Santuário depois de sua nomeação. E não sair pelo mundo usando a armadura segundo suas próprias vontades. Essa é a lei. Esse é um dos princípios básicos que um Cavaleiro de verdade deve seguir.
– Já disse, não vou ficar no Santuário.
– Isso você resolve com sua mestra. Tenho certeza que a Marin tem meios de te colocar na linha e resolver essa questão com você.
– Hum...
– Mas, então, você quer disputar uma armadura do Santuário com o Cássios sem ter despertado o cosmo?
Seiya se retraiu e aumentou o tom: – Eu vou fazer tudo o que é necessário para derrotá-lo. Não importa quantos treinamentos eu terei que passar nesse lugar.
– Bom. Acredito que você é um ótimo companheiro de treino para o Helio. Então, não seria bom se você morresse em uma luta com Cássios. Não quero enxugar as lágrimas de Helio.
– Eu vou treinar com a Marin e isso não vai acontecer. Você viu a Marin?
– A Marin saiu em uma missão com a Shina e deve ficar fora por algum tempo.
[nota: essa missão será um das séries do Zodíaco Play]
– Mas, você falou com Cássios que ela estava esperando ele – disse Helio.
Naila riu por dentro da máscara e respondeu: – É eu disse. E ele vai procurar ela por um bom tempo.
Helio e Seiya riram.
– Então, vamos lá?
– O quê? Do que você está falando?
– Seu treinamento Seiya. Quero ver até onde você vai com suas habilidades. Marin não está aqui, mas você não vai ficar sem uma mestra em seu treinamento. Pronto para despertar o cosmo?
– Hã?!
Próximo Capítulo - O Desafio das Três Pedras
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