Crônicas do Zodíaco - Uma História no Santuário || Capítulo 03 - O Desafio das Três Pedras
Capítulo Três - O Desafio das Três Pedras
Cheio de dúvida e confuso, Seiya continuava parado de frente para Naila. Suas palavras estavam ainda sendo processadas pelo pupilo de Marin. Mas a determinação da Amazona em treiná-lo naquele momento era inquestionável.
– Eu entendi... bem? Naila você quer me treinar enquanto a Marin estiver fora. Mesmo eu não sendo um aspirante sob sua responsabilidade? Mas você já tem o Helio com pupilo.
– Você sempre questiona as coisas assim? Coitada da Marin. Por que vocês mais novos são sempre rebeldes? Não andam pelos caminhos que os mais velhos apontam. Em vez de, questionar tudo. Ande Seiya. Você vai entender quando isso acabar.
– Seiya, treine com a Naila – expressou Helio. – Ela quer ajudar a enfrentar o Cássios. A Marin não está aqui mesmo. Ou você quer perder a chance de sair daqui?
Seiya olhou para Helio e devolveu o olhar para Naila. – Nunca! Se for para sair desse inferno, eu aceito!
O sol quente, característico do Santuário, não impediu o início do combate. E Seiya, decidido a lutar com a mestra de Helio, avançou. Correu com o punho enquanto Nalia o aguardava. Ela se esquivou e Seiya se desequilibrou nas pedras.
– Acredito que isso não irá vencer o Cássios. O que acha que a Marin diria se estivesse aqui vendo um movimento ridículo como esse?
Seiya semicerrou os olhos, Naila era tão rigorosa quanto a Marin. Se virou em um novo movimento, que deu origem a uma sequência rápida e agressiva de golpes. Mais nenhum chegou perto do corpo da Amazona.
– Um Cavaleiro que não consegue se mover direito. Me desculpe, você ainda não é um Cavaleiro. E pelo visto, observando a forma que você se movimenta, não vai ser. Morrerá preso aqui.
– Eu tive uma luta recentemente. Meu corpo não está totalmente recuperado.
– Isso... justifica para seu inimigo, que não pode lutar. O máximo que você pode ter é uma morte rápida e desonrosa. Ser um Cavaleiro é levantar e lutar quantas vezes for preciso para derrotar o inimigo só a vitória nos interessa. Então, me diga Seiya. Seu corpo está doendo?!
Ele parou e refletiu o que Naila tinha acabado de dizer. E suas palavras o atingiam com atenção. Sabia que ela estava te ensinando uma lição. E respondeu:
– Não!
– Quer parar de lutar?
– Não! Não quero... – Ele se preparou.
– Se quiser pode desistir e parar de lutar. Ser um covarde insignificante também é direito seu. Mesmo que isso desonre sua mestra na frente de todos, quando você tiver na frente do Cássios você vai desistir?
– Já disse. Não vou parar de lutar! Não vou desistir.
Seiya disparou o punho em direção a Naila, que sem esforçou o segurou, bloqueando sua finalização. – Precisa mais do que isso se não quiser passar vergonha sob os punhos do Cássios. Se não melhorar, ele vai te matar.
Seiya moveu com o outro punho, mas Naila foi mais rápida e o atacou com soco no abdômen.
– Não vão lutar sem mim! – Helio avançou de corpo inteiro em direção a Naila, que o golpeou o levando ao chão.
– Vocês dois ainda são muito lentos. Seiya, se o Cássios te pegar, com a força que ele tem nas mãos, você precisará arrancar uma orelha dele se quiser sair vivo de seus braços. Vocês poderiam ficar aqui horas treinando comigo e caindo no chão e não iria estar pronto por tão cedo.
– Mas se o Seiya não conseguir ser mais rápido e se livrar dos braços do Cássios, ele irá morrer na frente de todo o Santuário, inclusive do Grande Mestre.
– Não posso morrer na frente do Grande Mestre. Não serei humilhado assim.
– Bom, então temos que dar um jeito nisso. Helio, pegue aquela pedra grande ali. – Vendo-a apontar para uma grande pedra no chão. Helio obedeceu Naila e apanhou o objeto. Alguns passos depois Helio entregou a pedra para Naila e se afastou.
– Seiya – começou ela. – Acredito que a Marin já tenha feito um belo trabalho com você. Sei disso porque nós três fomos treinadas pela mesma pessoa.
– Mesma pessoa? Mas, você disse: “nós três”? Você, a Marin. E quem mais?
– A Shina, Seiya. Quem mais? – brincou Helio.
– A Shina e a Marin foram treinadas juntas? Mas...
– De onde você acha que veio a rivalidade das duas? Desde pequenas elas sempre foram assim. É difícil que todos os aspirantes de um mesmo mestre se tornem Cavaleiros ou Amazonas, muitos morrem pelo caminho. Mas nós três conseguimos. Marin ficou com a Armadura de Águia; a Shina, como já se sabe, conquistou a Armadura de Cobra; e eu, tive pra mim, a Armadura de Prata de Grou. É por isso que eu sei que seu treinamento com sua mestra já te concederam bons resultados. E sei também que se não ficar mais forte, não vencerá o discípulo da Shina. Cássios foi treinado para matar qualquer um que se colocasse em seu caminho. Ou você o derrota e sai vivo, ou você é humilhado e sai morto.
Seiya tentando digerir tudo aquilo rapidamente voltou a se concentrar em Naila.
– Então, olhe essa pedra. Só o punho de um Cavaleiro de verdade pode destruí-la. – Naila lançou a pedra para cima. E ela subiu com facilidade. Naila pulou em uma das grandes pedras no chão e se lançou no ar também. Quando seu corpo se aproximou da pedra em pleno ar, com apenas um soco, ela destroçou o objeto o despedaçando em todas as direções até novamente voltar ao chão.
Seiya e Helio, admirados com a performance da Amazona, nada disseram.
– Observou bem? Helio, pegue outra pedra do mesmo tamanho. – Segundos depois ele trouxe a pedra. – Agora é com você.
– O quê?! – expressou Seiya, surpreso.
– Naila você quer que o Seiya faça o que você fez? Como que ele vai alcançar a pedra lá em cima? Isso é impossível!
– Eu acabei de fazer, não foi? Então, não é impossível... a não ser que você queira ser humilhado na frente do Grande Mestre como todos já sabemos que pode acontecer. Será humilhado na frente daqueles que você deveria conquistar respeito.
– Não! – exclamou Seiya, ferozmente. – Eu vou tentar.
– Hum... ótimo. – Naila se afastou em uma distância se colocando há uns 10 metros. A pedra firmemente apanhada pelos seus punhos, ela aguardou.
Seiya, ainda sentindo as dores de seus confrontos anteriores, esperou. Naila lançou a pedra em direção ao sol e quando ela chegou perto de alcançar o apogeu de sua trajetória, ele avançou. Seiya corria rápido, seu treinamento com Marin se mostrava eficaz. Pulou em uma das pedras no chão e se lançou para o céu. A sequência de movimentos foi suficiente para dar um belo e poderoso salto. Mas era apenas um salto de que um humano atlético poderia reproduzir. Nem chegava perto do salto que a Naila reproduziu. O corpo de Seiya perdeu forças e caiu no chão se desequilibrando entre as pedras. Ao olhar para trás, o aspirante viu a pedra que era seu alvo cair e se destroçar também.
– Seiya! – gritou Helio.
– Lamentável. Não consegue nem saltar como um guerreiro de verdade. Talvez eu esteja perdendo o meu tempo aqui.
– Não, espere!
Naila se virou para Seiya e esperou ele continuar.
– Eu vou tentar de novo. – Ela olhou para as pedras no chão por um momento e retrucou. – Está vendo ali? – Ele olhou para onde ela apontava. – Só têm mais duas pedras do mesmo tamanho. Isso quer dizer que suas tentativas são limitadas. Assim como em uma luta de verdade. Seu poder não dura para sempre. E você como Cavaleiro tem que fazer o possível para utilizar suas chances da melhor forma possível.
– Duas pedras... duas chances... – refletiu Seiya. – Eu vou tentar!
Naila olhou para Helio – Helio traga mais uma pedra! – O que te faz achar que pode conseguir dessa vez? Eu posso estar perdendo meu tempo aqui. E você pode não passar de um covarde destinado ao fracasso. Eu me pergunto, há tanto tempo aqui e você ainda não é forte o suficiente para ser um Cavaleiro? Talvez o Cássios seja mais digno...
– Não! Jogue a pedra! – Então ela jogou.
Seiya avançou, mais rápido que da última vez, sem tirar os olhos da pedra que subia deliberadamente. Pulou e avançou, com o punho fechado ele seguiu. A pedra se aproximava dele enquanto ele subia e a imagem dela ia crescendo aos seus olhos.
– Ele vai conseguir – refletiu Helio.
Mas, como dá primeira vez, a imagem da pedra começou a se distanciar dos punhos de Seiya e seu corpo começou a perder força e cair em direção ao chão.
– Seiya! – gritou Helio. Seu corpo se mexeu para ajudá-lo, quando o grito feroz veio: Helio! Não!
– Mas, Naila. Vai ser uma queda fei...
Antes mesmo de Helio terminar sua explicação, Seiya já tinha colidido com o chão. E a segunda pedra se despedaçou assim como a primeira.
– Hum... – expressou Naila. – Não conseguiu...
– Seiya. Você está bem?
– Que droga! Porque eu não consegui!
Naila observou o lamento do aspirante e respondeu: – Talvez você não sirva para ser um dos nossos. Talvez você nunca saia daqui vivo. Talvez você esteja fadado a ser humilhado pelo Cássios na frente de todos. São muitas as hipóteses.
– Droga! Isso não pode estar acontecendo! Eu preciso sair daqui! Não posso morrer nesse lugar.
Naila olhou para as pedras enquanto Seiya se lamentava.
– Vejo que tem apenas mais uma pedra do tamanho das outras duas. Isso quer dizer que você tem apenas mais uma chance. Mas vendo como você se saiu nas duas primeiras tentativas, acho que não vale a pena perder meu tempo com você.
Naila se virou e começou a se afastar lentamente: – Vamos, Helio. Deixa o Seiya se recuperar. Se o Cássios for realmente seu último oponente, de fato, ele será a última coisa que o Seiya virá em vida.
– Seiya... – murmurou Helio.
O discípulo de Marin ainda se lamentava no chão sem entender o motivo de não conseguir avançar com seu treinamento. E de repente, como se não pudesse explicar, gritou:
– Naila! Espere! Tanto Naila, quanto Helio se viraram ao mesmo tempo.
– O Seiya se levantou...
– O que quer de mim Seiya? Não posso perder mais tempo do que eu já perdi.
Ainda ofegante ele levanta o braço e aponta em direção à única pedra que havia sobrado das três: – Ainda... existe uma pedra... no chão. E o trato foi três chances. Então, resta uma chance para mim...
– Hum... acha que tem condição de tentar mais uma vez? Você está exausto. Mal consegue ficar de pé. Desiste Seiya. Espere sua mestra voltar e continue seu treino com ela. Ela pode te ajudar mais do que eu.
– Você disse que iria me treinar enquanto a Marin estivesse fora. Ainda existe uma pedra. O treinamento não acabou.
– Aceite os fatos, Seiya. Talvez não seja o seu destino se tornar um Cavaleiro. Talvez você não possa se tornar o guerreiro que as pessoas esperam que você se torne.
– Eu não preciso me tornar o que as pessoas querem...
Ela se aproximou dele.
– Não? Em que mundo você vive? No mundo da fantasia? Onde tudo é lindo e cheio de cor? No mundo onde a paz reina e todos fazem o que querem? O mundo está em uma constante guerra, Seiya. O que você acha que nós fazemos aqui impondo treinamentos rígidos para jovens que mal têm uma história para chamar de sua? Somos Cavaleiros e Amazonas! Lutamos por um mundo justo, onde o bem através de Atena prevalece sobre o mal. Mesmo que esse mundo perfeito onde todos fazem o que querem nunca exista, nós Cavaleiros sempre estaremos aqui para proteger todos do domínio do mal, sempre que este se levantar contra o mundo dos homens. Então, quem você pensa que é para dizer que não precisa se tornar o que nós esperamos que você se torne? Dentro do Santuário, ou você usa seu punho para se tornar um Cavaleiro, ou morre como um covarde e é esquecido pela história. Então vou te perguntar uma só vez: você quer se tornar aquilo que você precisa se tornar para ser um Cavaleiro de verdade e encarar o mundo real?
Seiya semicerrou os olhos e apertou os punhos em uma breve reflexão. As palavras de Naila foram como um tapa na cara de seu orgulho. Aquele era um lugar muito difícil para se viver e poucos podiam vencer aquele desafio. Com a voz firme, ele respondeu:
– Sim, eu quero!
Próximo Capitulo - A Pedra que Desperta o Cosmo
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